Um País Que Sabe Se Comportar

 




Um País Que Sabe Se Comportar ( Un Pays Qui Se Tient Sage ), França/2020, dirigido por David Dufresne. A obra ficcional tem alguns elementos narrativos que permitem que saiamos da realidade, e por isso tem o nome: ficção.  No documentário a realidade já está lá , nos limitando em contar um fato ou ocorrido, ainda que com se tenha a liberdade do diretor escolher que lado abordará esta “realidade”. Por conta do documentário exprimir mais a vida que nós vivemos em relação a ficção, tal gênero nos aproxima um pouco mais das nossas vivências reais, não imaginárias, e logicamente o seu eco é latente quando nos identificamos o que tem uma relação particular com sua vida. Dei essa volta toda para explicar como este documentário “bateu” em minha pessoa. Em 2007, estava em Paris com meu pai, já falecido, e neste outono vivemos de forma intensa como nunca nos tínhamos nos permitido. Com 10 pra 11 anos perdi o contato com ele devido a separação com a minha mãe e logo a distância ficou ainda maior quando ele foi morar em outro estado. A partir de então os encontros ficaram por conta das férias escolares, ora eu indo pra São Paulo ou ora ele vindo pra Bahia. A relação de pais e filhos é uma relação de poder no fim das contas, com um obedecendo e outro mandando: inevitável que não seja desta forma, pois assim ninguém fazia filho e também ninguém nascia: hoje tenho total exatidão disso por maturidade e muita análise lacaniana desde meus 19 anos. Chego ao excelente Doc. gaulês por esse viés: a autoridade, onde esta é o tema central da obra, cuja qual os chamados “coletes amarelos” são cidadãos que se negam a obedecer o poder supremo da polícia nas ruas parisienses. Poder de autoridade do estado que é questionado pelos coletes amarelos pelo fato de tentar responder a pergunta: Porque o estado “democrático” tem o direito de penalizar seus cidadãos por forma de violência para manter uma ordem estabelecida, e estabelecida por quem e por qual caminho esta ordem chegou a esse nível? Enfim, não quero parafrasear Nietsche afirmando que o ser humano é um erro; afinal de contas ou no final delas estamos aqui vivos respirando por algum motivo, e já que estamos aqui porquê não pensar em tudo isso estabelecido? Está tudo certo, o caminho é esse mesmo ou estamos nos extinguindo aos poucos? Afinal o que significa a palavra democracia pra você, ela faz algum sentido hoje no mundo polarizado que vivemos? 

Super documento imperdível para divagarmos sobre estas e outras questões existenciais, filosóficas e principalmente políticas ( ou apolíticas), que pode ser conferido gratuitamente até 14 de fevereiro na plataforma:

  https://www.myfrenchfilmfestival.com/pt/movie?movie=50603

     

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