Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2017

Desventuras em Série

Desventuras em Série , da NetFlix, EUA, 2017. Se você estiver esperando por uma série com um final feliz, então pode esquecer e parar de ler essa crítica cinematográfica, porém se lhe apetece ver a uma série que foge das outras produzidas atualmente, então continue e leia a crítica inteira porque assim é bem capaz que após a leitura te interesse ver a série completa. Pois bem, antes de iniciar a contar a série literalmente dita vamos a algumas informações técnicas desta. Lançada em uma sexta feira treze a série será o carro chefe da Netflix desse ano que está só começando. As segundas e terceiras temporadas já estão garantidas sendo que a primeira temporada contém oito episódios de mais ou menos uma hora cada. Desventuras em série é originária da literatura sendo que seu autor fez oito livros também ( que coincidência ! ). Além do seriado esta obra já foi filmada em Hollywood em 2004, mas o filme não teve tanto brilho como o da série atual. O protagonista da série da Netflix é na verd

Elle

Elle , do virtuoso Paul Verhoeven, França, 2016. Acho o ser humano do caralho por sua imprevisibilidade, isto é, em sua maneira que se comporta diante de situações em que ele mesmo cria ou por terceiros. Somos capazes de tudo, para o bem e para o mau em igual capacidade, por isso que somos interessantes, novamente para os dois lados, isto é, para ruim ou para bom. O filme ganhou o César, que trata-se do Oscar francês, e concorre ao prêmio de melhor filme estrangeiro no Oscar em pleno carnaval ( pra quem não gosta será um ótimo programa) , sendo um dos favoritos juntamente com o iraniano O Apartamento, onde o diretor e equipe não poderá ir ao prêmio por sua nacionalidade: coisa absurda, coisa de Trump. Mas Elle ( que é Ela em francês) começa com uma cena de tirar o fôlego onde a protagonista, que concorre a estatueta de melhor atriz para Isabelle Ruppert que de longe é a melhor das indicadas, mas por bairrismo estadunidense dificilmente levará. Pois bem, esta mulher rica, dona de uma e

Axé : Canto Do Povo De Um Lugar

Axé : Canto Do Povo De Um Lugar,  dirigido e roteirizado por Chico Kertész, Brasil, 2017.  Apesar de ser soteropolitano nascido e criado aqui e ter orgulho disso, coloquei no bolso a minha empáfia de um cidadão underground da cena rocker soteropolitana e fui conferir a um filme que , hoje, nada tem a ver com a minha vida e relações, porém não sou estúpido e ignorante, pra não escrever hipócrita, em afirmar que não fui feliz em muitos carnavais cantarolando canções "olodunianas " que até os tempos vindouros reverberam minhas melhores lembranças carnavalescas. É importante também, e escrevo que até imprescindível, que o Brasil reconheça que em Salvador existe uma baita cena rocker de responsa que não deixa a dever a nenhuma outra cidade brasileira metropolitana, porém o foco aqui não é o rock baiano, mas sim o Axé Music: o ritmo que fez da Bahia ser reconhecida mundialmente bem mais que o Raul seixas ou a Pitty, e isso que o senhor Raul que me perdoe e não fique remexendo-se no

The Crown

The Crown , da NetFlix, Nov-2016, EUA. Escrever sobre a série é comentar sobre a evolução da história da sociedade contemporânea de setenta anos pra cá. Trocando em miúdos: é impossível não mencionar economia e política global sem falar do tronado de Elisabeth II, mas antes vamos há alguns detalhes técnicos interessantes. A série foi a mais custosa que a NetFlix produziu em todos os tempos por uma bagatela de cento e trinta milhões de dólares para sua primeira temporada, e já garantida mais cinco por uma simples razão: a empresa quer de vez abocanhar o público europeu com seu serviço de streaming. Há quem ressalte que por ser uma obra impecável nos seus mínimos detalhes de época o fato da série ter sido tão onerosa, mas não fica só nisso, pois já existiram outras séries de épocas , futurísticas e não do passado recente e nem por isso seu oneração na produção fora tão alta. O fator essencial da série ter sido tão onerosa se deve a um plano da NetFlix em fidelizar o público europeu ao lo

Eu, Daniel Blake

Eu, Daniel Blake , dirigido por Ken Loach,  Reino Unido, França, Bélgica, 2016. Não conhecia o protagonista,   Dave Johns , mas após ler algumas críticas do filme soube que ele é um pop star na Inglaterra fazendo shows de stand-ups, isto é, um comediante, mas que mostra de maneira dramática e competente a situação de um marceneiro que sofre um ataque cardíaco e se vê todo embaralhado para provar ao sistema inglês que de fato ele teve um ataque e estava impossibilitado de trabalhar. Escrevendo assim parece ser uma coisa bem simples, ou seja, vai ao médico e o profissional te autoriza a ficar em casa sendo sustendo pelo governo até que a pessoa fique boa ou apta ao trabalho novamente. Na teoria isto seria uma coisa fácil, mas sabemos que na prática o buraco é bem mais em baixo, isto é, a pessoa provar que ela não está mentindo para o governo. Este novo filme do esquerdista diretor inglês, que inclusive ganhou o prêmio de melhor filme do último festival de Cannes, mostra as mazelas da

O Apartamento

O Apartamento , dirigido e roteirizado por Asghar Farhadi , Irã/França, 2016. Em mais ano o cinema iraniano será muito bem representado no principal prêmio da indústria cinematográfica do mundo: O Oscar 2017. Em recente entrevista no Festival de Cannes o diretor, que levou dois prêmios por lá como melhor roteiro e ator por Shahab Hosseini, disse que os intelectuais no Irã ainda são muito desmotivados a fazerem suas profissões e por isso escolheu como tema dessa vez um grupo de teatro que encenava a peça O Caxeiro Viajante, uma analogia a falta de espaços e fomento para quem é da área e completa: “ Quis abordar o universo teatral porque este ainda é pouco apedrejado se fizermos uma comparação com o cinema”, afirma o diretor. A obra fílmica também não se esquece dos dilemas morais, machistas e sociais do seu país, e está tudo lá em tela, transparente como um copo d´água, isso é se você conseguir algum copo. O filme começa com uma cena catártica com o principal casal de atores da peça te

Perros

Sou um sujeito conhecido aqui pelo bairro onde moro há trinta e cinco anos, como um admirador dos animais, mas especificamente dos cachorros. Nessas três décadas e meia por aqui perdi a conta de tantos cachorros que tive por morar em uma casa espaçosa. Tenho em mente memorias de cada idade porque tinha tal cachorro que fazia-me essa conexão com coisas importantes que aconteceram em minha vida e dos meus próximos parentes. Por mais descabido que seja os dois cachorros que mais gostei não foram meus , mas sim da minha irmã mais nova. Esse fator ocorreu devido ao tempo desses animais. Ambos viveram muitos anos e eram os meus filhos, mesmo que sendo adotados. Tive, eu e a minha irmã, uma cadela chamada Laika dada por nosso pai, comprada na Boca do Rio da raça Cokker Spennial, mas que da Boca do Rio. Laika era mais miudinha que outros da raça , mas a sua longevidade foi um fator a ser estudado: ela morreu com mais de dezoito anos, e isso porque foi sacrificada. Esta, sem dúvidas, foi a pri

Necessitudes pensativas

A crítica cinematográfica te permite coisas magnificas, tais como: pensar melhor sobre tudo, mas também te dá uma responsabilidade de ser solitário que foge a todas as regras sociais possíveis. No inicio é um mar de rosas você absorvendo toda a magia da sétima arte e seus geniais autores. O cinema é uma arte relativamente nova, pouco mais de cem anos, cento e dezoito se não me engano. Mas é uma arte traiçoeira por seu nível descabido de sedução. Um ser solitário ou não cabido nas regras gerais vê o cinema e diz: taí a minha tábua de salvação, mas não se enganem: a arte cinematográfica é a mais complexa das artes e cabe uma vida toda para compreendé-la e ainda assim é pouco tempo. As pessoas que se apaixonam por cinema estão já pré-determinados a essa paixão que a pega e não tem como sair: a pessoa cai de corpo e alma e tem certeza que o cinema explicará tudo e mais um pouco que ela quer saber sobre ela mesma e sobre tudo na sua vida, mas penso que não é por aí, e essa reflexão vem de

O Que Fica

O Que Fica , dirigido e roteirizado pela talentosa Daniella Saba, Brasil-França, 2014. Esta manhã vi um curta super legal e quero compartilhar com vocês. A história inicia-se com um senhor se arrumando para visitar alguém. Até então não sabemos quem e porque. A câmera foca em um cachorro tipo linguiça e esguio com uma cadeirinha nas suas patas traseiras. O senhor caminha elegantemente com o cão nas ruas de Paris até que chega ao seu destino: a casa da sua filha que não vê há bastante tempo. A moça , irritada, indaga-o por sua presença já que deixara ela e a sua mãe, recém morta, desde que a moça tinha dez anos de idade, isto é, há um tempão. A visita é curta pelo clima hostil , mas o senhor sai literalmente à francesa deixando o Javier no apartamento após uma xícara de café. Sua filha só se dá conta da saída do seu pai tarde demais e este some mais uma vez sem deixar rastro, como sua melhor especialidade. Há já quarentona agora se vê morando com um cão aleijado e mais uma vez com uma

Dez Anos de Blog

Em 2017 esse blog completa 10 anos de existência. Bem no início ,  no mês de junho de 2007, publiquei alguns contos, mas no geral trata-se de um blog de cinema: de critica cinematográfica. É bem verdade que este blog permitiu-me conhecer lugares lindos desse Brasil baronil. Mas o fato é que após dez anos escrevendo sobre cinema fiquei-me meio que dependente desse gênero de escrita pelo motivo de ser o único que me retorno algum retorno financeiro, mesmo que este seja mínimo. Quando passei a estudar Letras e pegar disciplinas como Literaturas portuguesas e brasileiras, além de criação literárias incluindo poesia, vi que estava estacionado no esquema da critica cinematográfica. Continuarei a escrever sobre filmes por motivos pessoais e financeiros, mas quero abrir o leque neste blog para escrever sobre outras coisas também. Não creio que serei um cineasta , acho que a faculdade de Letras expandiu-me ao ponto de saber o que escrevia  era muito pouco para o que queria e para minha evolução

Aldo: Mais Forte Que O Mundo

Aldo: Mais Forte Que O Mundo , dirigido por Afonso Poyart, Brasil, 2016 .  O filme, que virou minissérie, conta a estória de vida de um que representa milhares de brasileiros que saem da sua terra natal para conseguir vencer na vida. O léxico verbal “vencer” não fora colocado à toa no texto. O verbo está intrinsecamente ligado ao protagonista da trama, José Aldo, o lutador de MMA que mais tempo ficou campeão no UFC em todos os tempos. Porém começamos do início quando Aldo era um nada em Manaus. Filho de pai bêbado e trabalhador , este foi o seu pior pesadelo e herói, ambos na mesma intensidade. Cansado de ver sua mãe ser surrada pelo pai o manauara descola uma grana e vai para o Rio de Janeiro onde sua história de lutador começa a ter seus primeiros passos. Quando chega, assim como todo imigrante pobre, sua vida é dura e penosa. Entretanto a sua “cascagrossiçe”   suporta a falta de grana e noites dormindo ao relento até o convite do seu futuro técnico em treinar e morar na academia qu

Doutor Estranho

Doutor Estranho, dirigido por Scott Derrickson, EUA ,2016. De início obrigo-me a rever meus conceitos acerca os outros super-heróis da Marvel. Pra quem ainda não está familiarizado, todos sem exceção personagens criados pela Marvel são oriundos dos HQS ou mais popularmente gíbis ou estórias em quadrinhos, como queiram chamar. Doutor Estranho é também um deles, mas só que não é tão conhecido como, por exemplo, o Hulk ou o Homem-Aranha. O HQ do Doutor Estranho surgiu no início da década de 1960 e não bombou assim como os outros de modo que o ator Benedict Cumberbatch teve toda a liberdade em fazer o papel de super-herói do quase desconhecido héroi  e talvez por isso se deu ao luxo de criar seu próprio personagem sem muito preocupar-se com aquele do HQ longínquo que quase ninguém, conhecia, a não ser os ávidos nerds da época e de plantão, número este pequeníssimo em comparação ao resto da bilheteria que o filme arrecadou no final de dezembro do ano passado. O protagonista é um médico q

Neruda

Neruda , dirigido por Pablo Laraín, Chile, 2016. A ignorância é a mãe das más circunstâncias e, por hora, também fruto da desinformação. Sabia que Pablo Neruda teve uma entrada na política do Chile, mas nem de longe saberia que tinha sido senador da república na década de 1940 sob o domínio do sanguinário Pinochet, alias um dos chefes de estado que mais matou gente em todos os tempos na América do Sul, escreva-se de passagem. Sempre tive em mente a associação de Pablo Neruda com a literatura, mas especificamente a poesia, que propriamente a política. Por este motivo ou associação achei o filme uma merda, pois pregava bem mais o lado político do poeta do que o artístico, o seu principal e mais conhecido. Mais especificamente o filme narra o exílio de Neruda, tendo de fugir de Pinochet pelos Andes chilenos cobertos de neve no lombo de um cavalo, e em tal fuga para viver acaba por ver situações e imagens que te dariam o prêmio Nobel de Literatura em 1971; imagens e situações estas transp

Stranger Things

Stranger Things, da NetFilx, EUA, 2016. A série é ambientada no estado da Indiana no ano de 1983 e logicamente repleta de menções a década de 1980. A cidade chama-se Hawking: uma homenagem ao criador ou descobridor da física quântica: Steven Hawking. Quatro loosers de onze anos compõe os personagens que darão movimento ao seriado, mas antes vamos a alguns detalhes técnicos; A NetFlix acaba de soltar alguns dados interessante acerca o seriado dos anos oitenta: Foi o terceiro mais visto da história do serviço de streaming, colocação esta relevante, tendo em vista que tevê a cabo é coisa do passado. Para a escolha dos dois personagens principais: Mike e Eleven foram testados respectivamente trezentos e setecentos atores mirins para os papéis  do líder do grupo de loosers da escola e da estranha “Elevem”: uma menininha que surge do nada de cabelo raspado e a série gira em torno dela, isto é, porque e para que ele veio e de onde veio. No decorrer dos episódios ( todos os oito com set

Jack Reacher: Sem Retorno

Jack Reacher: Sem Retorno , de Edward Zwick, China- EUA, 2016. Não sou muito fã de filmes de ações, mas abro uma exceção se este tiver uma boa narrativa e este é o caso deste. Pra inicio de texto temos que distinguir o que é um policial normal e um policial do exercito, isto é, personalidades e também finalidades totalmente distintas e com missões diferentes. Enquanto o polícia normal tem que prestar um serviço de segurança aos habitantes, o policial do exercito tem de se ater a coisas ou problemas bem mais complexos que envolvem desde corrupções dentro das forças armadas ou até se tornar inimigo da farda para consertá-la. O nosso protagonista pertence ao segundo grupo, ou seja: é um policial do exército que pouco respeita as leis da corporação; trata-se de um anárquico com farda para transgredir os valores da mesma. Ou seja, se formos comparar trata-se de um tirano que se acha maior que qualquer tipo de organização, e isso sem mencionar as mais de sete vidas que tem, sim mais até que