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Mostrando postagens de setembro, 2017

Premiados do Festival de Brasília.

Festival de Brasília anuncia os vencedores da 50ª edição em cerimônia histórica Longa "Arábia" leva o título de Melhor Filme pelo Júri Oficial, e "Café com Canela" é o escolhido pelo Júri Popular A noite deste domingo (24) concentrou olhares de todo o país em torno do Cine Brasília, um dos mais longevos lares do cinema nacional, durante o encerramento do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Apresentada pelos atores Caco Ciocler e Mariana Nunes, a cerimônia de encerramento premiou as produções eleitas pelo Júri Oficial e Popular com o cobiçado Troféu Candango, um dos mais prestigiados prêmios do cinema brasileiro. No total, o Festival apresentou 144 obras que compuseram mostras competitivas e retrospectivas, durante 10 dias de evento, propondo uma reflexão sobre o presente e o futuro do audiovisual brasileiro. Antes das premiações, o secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis, parabenizou todos os envolvidos na edição comemorativa

Música Para Quando As Luzes Se Apagam

Música Para Quando As Luzes Se Apagam , de Ismael Caneppele, com Júlia Lemmertz, RS, 2017. Nunca se teve tão em voga a temática dos gêneros no Brasil. Até a rede Globo apoiou a causa em sua revista eletrônica, aos domingos à noite. O longa gaúcho tem o mesmo tema central. Ou seja: um homem que nasce em um corpo feminino, mas poderia ser vice-versa. Todavia no filme, temos uma menina vendo que não aquilo que parecia ser em sua puberdade. A mãe, em ótima atuação da global Júlia Lemmertz, vê a transformação da filha para filho; e para não ter nenhum contratempo, elas isolam-se numa ilha para que, essa transformação aconteça sem traumas de terceiros preconceituosos. A luz do filme é sensível, assim como o tema, e a menina, por sua vez, não apresenta nenhuma sensibilidade aflorada, pelo contrário, existem nela os hormônios masculinos e femininos digladiando-se em um jogo de bola e gandula. E a bola, ou melhor, os hormônios masculinos detonam os femininos.  A mudança é vista pela mãe, qu

Por Trás Da Linha De Escudos

Por Trás Da Linha De Escudos, de Marcelo Pedroso, PE, 2017. O diretor-documentarista é engajado em ideias de esquerda, e talvez por isso, o filme tenha um olhar exclusivo para este lado partidário, todavia quem permitir-se em conferi-lo sem algum pré -julgamento estabelecido, certamente observará mais que vertentes políticas ambíguas, e sim com andas as pernas da segurança nacional, com o PCC, inclusive, sob investigação na operação lava-jato como um dos principais propinadores de vários políticos, em Brasília: trocando em miúdos, ou talvez em graúdos, o próprio sistema de drogas brasileiro, ou os seus cabeças, banca o sistema político brasileiro, porém como isto anda ainda sob investigação pela polícia federal vou ater-me a parar por aqui até que estas evidências, escancaradas, tomem corpo e a verdade venha a tona: nua e crua. Todavia voltemos ao documentário , podemos escrever que temos, de início, um protesto contra uma instalação de edifícios "Torres de luxo", no Recife.

O Nó Do Diabo

O Nó Do Diabo, dirigido por Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi, PB, 2017. Os diretores são inúmeros porque o filme se desenrola em cinco contos de horror com datas diferentes, porém com uma mesma locação: a fazenda dos Vieiras. Podemos escrever, também, que trata-se de cinco encontros com a morte ao longo de duzentos anos, e que tem como tema central, além do horror e da morte, o da escravidão; sendo estes cinco contos , cinco nós que não se desatam nunca, nem após a própria morte. Este foi o único filme de horror que vi na quinquagésima edição do Festival de Brasília, e muito provavelmente seja o único, por este gênero estar tão em baixa na filmografia brasileira, e isso desde sempre, é importante salientar, então quem tenta explorar tal gênero, já é, pelo simples desafio: digno de nossos aplausos, e isso por qualquer que seja o resultado da obra fílmica. Pois bem : além de lembrarmos o quão cruel fora o tempo da escravatura brasileira, o filme tem uma belíss

Guarnieri

Guarnieri , dirigido e corroteirizado por Francisco Guarnieri, SP, 2017. Teatro e cinema se misturam no documentário do neto do protagonista. Em síntese, tem-se uma análise antropofágica da carreira de um dos maiores, senão o maior, ator e dramaturgo que do Brasil. O enxuto documentário, com pouco mais de uma hora, foca na obra prima do Guarnieri: Eles Não Usam Black Tie; peça que depois foi adaptada à televisão e cinema, onde mostra o Brasil, em especial o ABC paulista, na luta contra a ditadura e por direitos básicos de trabalhadores metalúrgicos: uma obra-prima brasileira. Em debate após a sessão o diretor , assim como inúmeros outros documentaristas, reclama o estado de abandono que está à cinemateca brasileira, e por isso tanto difícil foi achar documentos, fotos, vídeos e cartas, para a feitura do filme no seu processo de pesquisa, fase esta para qualquer documentário que se preze, a mais importante de todas, pois ali se faz o filme, e o que acontece após é a montagem do que

Nada

Nada , de Gabriel Martins, MG, 2017.  Eis uma situação que a maioria, ou grande parte dos adolescentes, passam quando terminam o terceiro colegial, e têm que decidir-se qual curso fazer e consequentemente, e isso em tese, escolher o quer fazer profissionalmente pelo resto dos seus dias. Esse é o pano de fundo para a nova obra fílmica da renomada produtora mineira: Filmes de Plástico. Mas vamos conhecer Bia: uma jovem negra que acaba de completar a maioridade e vê-se pressionada, tanto pelo colégio como pelos pais a escolher um curso “pra mó” de prestar no Enem. De cara já, nos primeiros minutos do filme, quando Bia é indagada por uma pseudo diretora moderna de sua escola particular, a que curso prestar, Bia responde de uma forma tão natural , que naquele instante temos certeza que ela dera a resposta certa aquela diretora rabugenta e cheio de egos: “ Não que fazer nada”. A diretora, bem interpretada já pela calejada atriz Karine Teles, replica: “ Como assim nada , Bia, você tá de

Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava

Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava, de Fernanda Pessoa, SP, 2017. O filme faz parte da mostra 50 anos em 5 dias, onde o festival de Brasília faz um apanhado político-cultural do Brasil.  No documentário da Fernanda, somos convidados a rever as pornochanchadas, obras populares devido a censura da ditadura no período militar. O documentário é agradável porque a montagem foi muito bem feita. O Luiz Cruz montou o filme por temas, e talvez por isso o filme torna-se tão atual. Sendo mais específico, os temas foram divididos por sub-temas, tais como: Tortura, patrulha, o uso do corpo feminino para chamar empresários gringos; e exatamente queria chegar neste ponto, onde se via malas de dinheiro para comprar os corpos sarados destas brasileiras esbeltas, e tal cena se aproxima, bastante até, das cenas dos coronéis nordestinos ou do Cunha recebendo propina na prisão, que vemos todos os dias nos telejornais. Filme visto no quarto dia do Festival de Brasília.

Pendular

Pendular , da Júlia Murat, RJ, 2017. O que é jogado, propositalmente, em tela é um encontro desencontrado entre um casal de artistas. O cara, um escultor, a moça, uma bailarina e outra cositas mais. Mergulhamos nessa relação intensa. Porra, pra quem conhece a filmografia da Julia, já preveríamos que vinha uma fita com uma pegada autoral. No que concerne à autoridade, a Júlia sempre foi reticente e fiel aos seus admiradores, ou seja, sempre existiu um “fogo no rabo” da diretora em qual profissão seguir: Artista plástica ou cineasta? Optou pela segunda opção e esse filme meio que afirma a sua escolha de profissão. Neste longa, premiado pelo júri da crítica no último festival de Berlim, temos como roteirista o marido da diretora, Matias Mariani. Acho que para esse que vos escreve, não resta dúvida que o filme trata-se da relação da Júlia com o Matias, onde os atores escolhidos a dedo, generosamente os interpretam. A ficção vem numa Júlia dançarina, talvez ela tivesse esse desejo, mas s

Vazante

Vazante,  com a direção minuciosa da Daniela Thomas, Brasil, 2017. Estamos em 1821, num Brasil ainda colônia. Mesmo que apenas por hum único ano, todavia cheira-se já um "querer" de independência, esta conquistada em 1822, e redirecionada ou patentada ao sentimento de libertação dos negros escravos. Filmado em preto e branco a fotografia do longa, nas belas Minas Gerais, é assertiva na escolha de não filmar a cores, pois ganha-se em carga dramática o clima hostil da época, e também os sentimentos dos personagens ficam mais intensos com o P&B na fotografia do filme. Ademais temos um grau de pertencimento da obra quando assistimos em P&B, pois enxergamos mais ainda o século XIX nela. Entretanto o filme não é somente isso: uma boa fotografia. Um fato curioso e enriquecedor da obra é esta não ter a necessidade de protagonista; temos um núcleo de escravos, outro de senhores “cavadores” de ouro e diamante, e por fim tínhamos o ciclo daqueles personagens que iam e voltavam

Não Devore Meu Coração – Filme de Abertura do 50 Festival de Brasília Do Cinema Brasileiro.

Não Devore Meu Coração – Filme de Abertura do 50 Festival de Brasília Do Cinema Brasileiro , dirigido por Felipe Bragança, Brasil/França/Holanda, 2017. A expectativa é, de fato, a pior das aliadas que podemos carregar para uma sala de cinema. Escrevo isto, pois tinha me encantado com o primeiro longa do diretor carioca: uma espécie de Casa Grande & Senzala contemporânea. Uma obra que faz refletirmos acerca da relação entre as classes sociais no Brasil. Porém, o filme de abertura do 50 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, não é, nem de longe, parelho ao primeiro longa do Felipe: Casa Grande. Cerimonia de festival é sempre uma noite à parte: comidinhas e biritinhas no final da sessão;cinema lotado, este, Cine Brasília, com seiscentos acentos e mais alguns , muitos, aos corredores saciando a vontade de ver o filme selecionado de estreia. Pois bem, o filme nos fala de territórios, ou sendo mais específico, a auto intitulação de locais que esbarram-se nas fronteiras entre o lo

Narcos – Terceira Temporada

Narcos – Terceira Temporada, da Netflix, EUA, 2017.  Quando me perguntam o que achei dessa temporada, disparo: uma grandíssima merda! Todavia, vou escrever o por quê cheguei a tal conclusão. Quando associamos o tráfico de drogas, vemos violência, e em se tratando de Narcos, a ação é o ponto forte da série, ou era nas suas duas primeiras temporadas com Pablo Escobar, interpretado pelo brasileiríssimo sem sotaque castelhano, Wagner Moura. Com a morte de "Pablito", no último capítulo da segunda temporada, o Cartel de Cali assume o poder da cocaína, e têm outra postura para transformar-se como o maior distribuidor de pó do mundo, e isso contando com a época do Pablo Escobar, passada. A estratégia do Cartel de Cali era a seguinte: nada de violência; eram senhores de um negócio sofisticado e lucrativo ao ponto de comprarem todas as principais autoridades colombianas para, por fim, “inventarem” suas próprias penas, sem ao mínimo passarem pela prisão, sob a pseudo brecha de que eram

Monsieur & Madame Adelman

Monsieur & Madame Adelman , dirigido por Nicolas Bedos, França, 2017.  O filme é bom, mas têm um fatal erro em seu roteiro, de modo que compromete as atuações, e por fim, as percepções de quem assiste. Inicialmente a grande ocular fixa-se, em um retrato do peito pra cima, um sujeito barbudo, entre costado em um pub, com cigarro em uma mão e um copo de uísque noutra. Quem o vê é uma elegante mulher: a fêmea ou senhora Adelman, ou seja, a futura esposa daquele “Mané” que se encontrara bêbado no dia em que conhecera a mulher da sua vida. O sujeito em questão é um escritor, que afogava as mágoas no Pub por, mais uma vez, ter seu livro rejeitado por todos editores de todas editoras que conhecia. A química é esplêndida entre ambos, de modo que rola sexo no primeiro encontro, em uma Paris dos anos 1960. O escritor, de origem burguesa, e por isso envergonhado do seu berço numa Paris envolvida pelo socialismo de seus representantes, encanta-se com uma mulher alta de origem judia. O encont

Polícia Federal: A Lei É Para Todos.

Polícia Federal: A Lei É Para Todos , dirigido por Marcelo Antunez, Brasil, 2017. Antes de começar a escrever sobre o filme, tive o cuidado e a curiosidade em pesquisar em, ao menos seis críticas distintas , para saber se ,de fato, minhas ideias batiam com aqueles que escreveram aos principais jornais do país, e eis que, minha surpresa: todos em unânime acordo, taxaram o filme como Anti-Lulista. Oras: é fácil assistir ao filme e afirmar que a operação Lava-Jato veio para destruir o PT, mas não foi, e nem está sendo, bem assim. Como o próprio subtítulo do filme reafirma: A lei é para todos, e foi isso que vi do filme; agora se existiam mais corruptos do PT, então a polícia federal não a mínima culpa disso. Outro fato também discutido na obra fílmica fora os primeiros passos da operação surgirem seis meses antes da campanha presidencial da Dilma, em sua reeleição. Coincidência ou não à parte, estamos falando da maior operação contra a corrupção da História do Brasil de 1500 até os dias

A Viagem de Fanny

A Viagem de Fanny ,  dirigido por Lola Doillon, França, 2017. Filmes de guerra sempre causam um frenesi, embora as maiorias das guerras sejam de motivos tolos, ou até irreais, como foi o caso da segunda grande guerra. Filmes com essa temática instiga o espectador a querer saber mais sobre a História mundial.  Neste caso específico, vemos a guerra através do olhar de uma criança: Fanny, uma menina judia esperta de doze anos. A missão dela é tentar salvar-se, e isso com uma dezena de outros judeuzinhos, e ir para o lado dos aliados contra o nazismo. Todavia até chegar a solo seguro, Fanny e seus amigos passam por um perrengue daqueles. Sim, já existiram inúmeros filmes que tratava a segunda guerra sob o olhar infantil, mas como este campo é fértil, não custa nada contar a estória da Fanny. É o seguinte: temos que parar de olhar para a segunda guerra como algo de muito tempo atrás, pois não o é; nem cem anos têm, e existem inúmeros casos de neonazistas por todo o mundo, então é admis

O Filme da Minha Vida

O Filme da Minha Vida, dirigido por Selton Mello, Brasil, 2017. Antes quero aproveitar, e afirmar de uma vez por todas, a diferença do autor com o crítico de cinema, ou seja, o autor assume no peito e faz tudo, enquanto o crítico divaga sobre o que podia, e queria ser aquilo. Falo ou escrevo por experiência própria, ou seja, nem sempre o que está escrito no roteiro irá ser interpretado da forma que o diretor deseja, pois o caminho de criação não exige certo rigor com as palavras, mas sim com a intenção que há de porvir delas. O que quero expressar é que o ator, e esse por mais que seja instruído pelo diretor, pode transformar, na hora certa, um pleonasmo em uma palavra vulgar, mesmo que fazendo o roteiro, ache aquela palavra perfeita para aquela situação, porém isso muitas, ou a maioria das vezes, acontece. Como diretor e crítico de cinema, entendo todas essas “por venturas” no processo de assistimento de uma obra da sétima arte. A que estamos a contar em questão conta o enredo