Mr Bachmann e Seus Alunos

 



Se tivemos alguma vantagem com a pandemia esta foi o acesso aos festivais de cinema em formato remoto. De 2020 pra cá, foram inúmeros os que desfrutei, e quase todos de forma gratuita, ora por ser jornalista credenciado, ora por serem de livre acesso a qualquer pessoa que estivesse em solo brasileiro. Todavia vamos falar hoje da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: foram 25 bons longas metragens vistos em um vasto cardápio de mais de 250 títulos internacionais, em sua maioria, e de certa maneira, cada filme mostra a agonia que fora os tempos pandêmicos, aliam ainda esta sendo. Quero destacar um filme alemão de 03h37min minutos, que foi prêmio do Júri e do público do último festival de Berlin, chamado Sr. Bachmann e seus alunos, dirigido pela Maria Speth, 2021. O filme se diz documentário, todavia podemos ver um hibridismo em sua composição. Bachmann em alemão é o homem que mora junto do riacho, ou o homem do riacho. O sobrenome do professor dá o pano de fundo para a inserção do nazismo na tela da TV. Como o sobrenome verdadeiro do professor era de origem polaca, por isso judia, seus avôs tiveram que alterar seus sobrenomes afins de não morrerem nos campos de concentração. Fora a história do professor, temos as estórias atuais dos seus alunos: todos emigrados para a Alemanha a fim de não morrerem em guerras civis em seus países, ou até mesmo de fome. A missão que tem o “professor riacho” é a de inserir os adolescentes no país, alfabetizando germanicamente, para então conseguir estudar as outras disciplinas. Ou seja: a missão do professor protagonista é a de dar um futuro mais digno a aqueles que já tanto sofreram com tão pouco tempo de vida. As três horas e meia de filme passa despercebida por tratar de temas tão atuais, e como pano de fundo, vemos aqueles adolescentes se descobrindo como pessoas, e podendo ter mais oportunidades que tiveram seus pais, por exemplo. A Mostra SP sempre nos deu uma espécie de antena para detectarmos as mudanças globais e seus caminhos para sempre uma melhoria no que está aí, e mesmo em formato online, este ano não foi diferente: ou seja, um apanhado do que melhor se produziu na sétima arte pelo mundo, e temos que ser sinceros e constatar que a pandemia veio e fez estragos pelo planeta e com as cabeças das pessoas; restando-nos a recuperar o fôlego para tempos menos sombrios.  


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