Vander

 

Vander, de Barbara Carmo, BA/2020; concorrendo na 24 Mostra de Cinema de Tiradentes – 2021, abrindo o calendário brasileiro dos festivais de cinema. Quando escrevo que o filme é da Barbara, e não dirigido por ela, é porque existe um grau de pertencimento, ou seja, o filme diz respeito, e mais: fala quem ela é, e porque ela é assim: triste, e com razão. Existe uma única tomada no curta-metragem: a foto 3X4 do pai, Vander. No fundo tem-se a narração da Barbara dizendo quem ele é, alias quem ele foi e porque foi. Vander era alcoólatra , tomava remédio para bipolaridade, era preto, e era constantemente abordado pela polícia. Sim , hoje Vander está morto , por uma dessas abordagens policiais das quais sofrera a vida toda. Vander sumiu antes de morrer, verdade, mas mais verdade ainda é que Vander já se encontrava ausente da sua filha Barbara já fazia tempo devido ao álcool e a problemas mentais. Vander fez porque é gostoso fazer; Vander não mediu as consequências porque na hora a régua que conta é outra; Vander, mesmo se tivesse consciência, faria igual porque pessoas interessantes desobedecem a regras, e a regra de um doente mental não poder fazer filho é tremendamente estapafúrdia. Barbara, na verdade, deveria agradecer por ser filha de uma pessoa tão especial como Vander, e sente orgulho disso, senão não faria um documentário. Mas é nítida também a dor que a Barbara sente em ter nascido sem pai, todavia esquece-se que o esforço que Vander fez para sair do lugar comum, e ser ‘normal’, para então encaixar-se como um homem que acrescenta a sociedade, pois favorece o número de natalidades.. Barbara hoje parece bem resolvida, e também ficamos por perceber tudo isso.

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