Rosa Tirana

 Rosa Tirana, dirigido por Rogério Sagui, BA/2020; concorrendo na 24 Mostra de Cinema de Tiradentes – 2021, abrindo o calendário brasileiro dos festivais de cinema. Rodada em Poções, agreste baiano, não podemos cravar que trata-se de uma obra experimental, até mesmo porque existe uma estória a ser contada; contudo a trama de uma menina fugir de casa por maus tratos pouco fica de lembrança no final do longa. O que se registra de mais forte é o caminho, e não o fim. Ou seja: as pessoas que a menina encontra no decorrer no “sair de casa”. De inicio temos o mago José Dumont , interpretando um típico ceguinho poeta de interior, e metaforicamente tal persona simboliza a cegueira da humanidade sobre o seu próprio ato de existir, fazendo que a própria natureza árida da terra nos dê uma “força” de nos interarmos mais ainda pra baixo. Todavia a fotografia e a trilha sonora é absurdamente bela, e nos eleva, e tira-nos da aspereza de clima e realidade tão hostis: a fome. Mas do que um roteiro redondo, o filme entrega algo maior: a esperança de continuar acreditando no homem, apesar dos pesares, e isto se faz , ou se concretiza, apenas por um único caminho, que é a poesia. Ou seja: a capacidade humanística de criar realidades em cima de uma realidade física estabelecida e bem pisada, para então evoluir-se e se tornar maior que o problema real. Podemos afirmar que trata-se de uma obra fílmica extremamente sensorial, onde sentimos cada dor e cada gesto de grandeza dos personagens, sejam estes apenas cantarolando uma música ou poesia, ou a da própria protagonista mirim.

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