O Conto
Errado é o
jargão popular que diz: “ Quem conta um ponto , aumenta um conto”. Na realidade
é exatamente o contrário. Ou seja: quem se pré-dispõe a fazer um conto, na
verdade está diminuindo, bastante, algo e não aumentando nada. A estrutura do gênero do conto se dá com a capacidade de escrever pouco e profundamente, e talvez por
isso, o conto literário seja tão difícil de escrever-se. Algumas regras básicas faz com que
diferenciamos o conto do romance, por exemplo. Enquanto que no romance existe
uma longa jornada pela frente, inclusive incluindo a grandiloquência das
personagens e imagens do local da narrativa romanesca. Já o conto fica sendo a
abreviação total destas informações ditas como supérfluas. O contista e crítico
argentino Cortazar diz que no conto o escritor ganha a luta contra o leitor por
nocaute, e em contrapartida por pontos se for pelo romance, e ele está certíssimo!
Vejemos um
exemplo de escritora brasileira, ou seja, que fez sua carreira literária
acontecer no Brasil: Cecília Meireles. Segundo ela o conto passa por aspectos
metafísicos que jamais um romance conseguiria “se deixar” acontecer. No conto existe
, também, um aspecto maior de fantasia, comparando-se sempre com o romance,
mais longo e menos preciso em relação ao conto. Coloca-se próximo ao conto
literário o cinema e a novela, por serem meios de comunicações mais rápidos de
se chegar o leitor ou telespectador. Para se tornar conto é necessário essa
urgência de já escrever sabendo seu final, ou seja, pode escrever do final para
o início porque o sujeito que escreve antevê o que quer e esta ordem necessária
de início-meio-fim desaparece para um contista, enquanto esta ordem de
acontecimento é fundamental para um romancista ou um prosador. As novelas que
assistimos são inúmeros contos diários que acabam e terminam no mesmo capítulo ou
contos que “lemos” de uma sentada só. Até a duração para um conto ser prazeroso
já descobriram: ou seja, em uma sentada , não mais que uma hora, é o valor
correto de minutos para o conto te pegar. Nem um minuto há menos ( porque aí
fica um micro-conto ), e nem um minuto há mais ( aí fica enjoativo ), o conto
deve sustentar esta uma hora de leitura em uma só sentada, em que o leitor se
transporte para aquele ‘conto’ e depois volte a sua realidade. De suma o conto
literário se consiste em: 1. Sua diminuição, o maior possível dos léxicos, ou
seja, poucas palavras para descrever personagens da forma mais sucinta possível;
2. O aspecto da imaginação se torna mais palatável do que um romance, há quem
coloque inclusive religiões para aumentar o grau de subjetividade que o conto
proporciona; e por fim 3. A urgência de contar-se um conto, fazendo com que
este gênero literário se sobressaia sobre os outros e por sua capacidade de amplitude
em mostrar estórias atuais, como ir à feira e surgir uma ideia para escrever
algo, tornando este gênero atualíssimo e interessante também pela urgência do
ocorrido. O principal, e também pioneiro nome do gênero conto é sem dúvida
alguma Edgard Allan Poe. Contista renegado em seu tempo de vida transformara-se
no principal incentivador para a urgência de novos contistas. Através de Poe o
conto se consolida como uma arte igual, ou maior, em relação ao romance, porém
jamais inferior a este outro gênero literário. E que fique claro: quem aumenta os léxicos ( ou os pontos) do seu texto , portanto diminui o seu conto, porque este, por si só, tem a
formatação de explicar muitas coisas em poucos léxicos, e por tal motivo é o mais difícil gênero literário de escrever e ler.
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