Mussum – Um Filme do Cacildis
Mussum – Um
Filme do Cacildis, de Suzzana Lira, Brasil, 2018. Na verdade trata-se de um
filme-documento, mais conhecido por documentário. Este mostra a trajetória do
sambista que tornou-se a principal personagem negra na tevê , e não só no
humor. O doc. tem narrativas das principais personas que conviveram com Musum,
e os que ele nem conheceu, caso de alguns filhos, como o Mussunzinho, ator
também. O nome artístico surgiu no palco quando o sambista ‘ Mussum” não
deixava o Grande Otelo contar suas piadas, este que furiosamente o xinga de
Mussum. O termo em si trata-se de qualquer tipo de bebida ou de uma bebida
inferior, portanto apelativa. O nome pega fama, assim como o sambista Antônio
Carlos Bernardes Gomes pega fama, também, com o grupo Os Trapalhões. A vida é
tão engenhosa que tínhamos um comediante conhecido por nome de bebida alcoólica
, e que este adorava de fato um “mé”. O termo Mussum te dá uma amplitude artística
que o Carlos não tinha no seu grupo de samba: Os Originais do Samba. E o mesmo “Mussum”
tira a vida do Carlão sambista e fazedor de filho. O documentário aborda ainda
a questão do preconceito racial que ocorria na teve e na sociedade de 1980,
hoje ainda achamos , mas que camuflado. Em 1980 não era politicamente errado
fazer piada com criolo , Didi ( Renato Aragão ) então, metia mão em seus
roteiros com piadas debochadas acerca um pigmento mais escuro, e o único que
tinha tal pigmento no grupo Os Trapalhões era o Mussum. No grupo tínhamos o
galã das periferias, Dedé Santana, o mineiro “avuado” Zacarias, o malandro
nordestino Didi e o negro que gostava de um “me”. Hoje em dia vemos inúmeros gifs
e memes que conclamam o Givanildo 'mussumzístico' a ser falado. Triste é saber que fomos formando a nossa
identidade cultural apelando a fazer de termos estapafúrdios, regras . Nunca
levaram a sério o negro no Brasil, e Mussum é a prova viva disso. Devíamos ter
vergonha de achar o Mussum engraçado, e afinal era, mas que, inconscientemente ele , eu e você esqueceríamos das piadas para com ele, afinal se pra ele tava
tudo bem, então pra nós tava de boa também. E tudo vira em uma grande palhaçada
dos Trapalhões. Quem nunca esperou as férias só pra ver um filme dos Trapalhões
com as mesmas piadas racistas dos programas dominicais? Doc. forte para ser
assistido e analisado.
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