Bacurau
Bacurau, dirigido por Kleber
Mendonça Filho e Juliano Dornelles, Brasil, 2019.Ainda não vi o filme que foi
indicado pelo Minc ao Oscar, porque este não entrou em cartaz, mas já adianto
meu voto a Bacurau para este posto, pois melhor que ele dificilmente teremos
este ano. Ganhador de melhor filme no festival de Munique, e obtido o prêmio
especial do Júri em Cannes ( o prímeiro filme sul-americano a ganhar o terceiro troféu em peso do prestígiado festival europeu), o filme se divaga entre a ficção científica e um
velho-oeste que fala tupiniquim . Bacurau quer dizer um pássaro, não um
passarinho: uma ave maior, que só se vê à noite. Entramos no filme e na
cidadezinha com mesmo nome. Conhecemos seus habitantes e até seu prefeito.
Quando se tenta achar a cidade no Google Maps, não se acha nada, mas Bacurau
existe, mas ninguém o vê. Na estranheza de existir só pra si, Bacurau e seus
habitantes nos mostra que a simplicidade pode ser tão difusa quanto a melhor
das engenhosidades humanas. Bacurau tem algo além, algo que não se pode ver,
mas sentir, e talvez por isso assassinatos surjam. Logo sabemos que a cobiça de
privilégios estrangeiros quer dominar Bacurau. Alguma coisa na água da cidade
tem algum diferente valor, de modo que snipers cercam a cidadela para
dominá-la. Contudo, isso, os habitantes não permitem e lutam com que podem para
não se venderem aos tais ciganos brancos. O filme fala de brasilidade, de
preconceitos dentro do próprio país, pois para os gringos não adianta você ser “um
pouco branco” também; se é brasileiro, já faz parte de nossa miscigenação, pois
é assim que nos enxergam do exterior, mas somos míopes para perceber tal nítido
fato. Bacurau é o Brasil, e quem não gostou então, que se mude.
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