Divino Amor
Divino Amor, de
Gabriel Mascaro, Brasil/2019. O ano não é tão longínquo, mas o país se encontra
totalmente mudado. Temos agora uma republica federativa evangélica brasileira.
A principal festa é um rave - em nome de Jesus, e não mais o carnaval. O diretor
e um dos roteiristas, Gabriel, mantém sua identidade em “neonnizar “ tudo que pode para, talvez, nos impor sua visão do
mundo, ou sua visão de como seria melhor o mundo se fosse do jeito dele. O
engraçado é que na maioria das cenas esse “neon Gabrielístico pernambucano” nos
pega de jeito e nos faz pensar. É importante salientar que nenhuma alusão a
qualquer tipo de igreja faz-se na obra fílmica, todavia como vivemos em um
estado laico, por isso é sempre bom ficar atento a esses valores não
religiosos, para que não caiamos em nenhuma infortuna de religião qualquer.
O fato é que o
que reina agora é a cura através do poder de Jesus. Nesta época, quase 2030, os
brasileiros eram simpaticamente forçados a não se divorciarem , através da
protagonista da trama, Joana, interpretada pela paraense Dira Paes, que faz o
papel de uma burocrata em um cartório público. Super evangélica, e com direito
a fazer seu “confessamento” em um drive-tu , onde o pastor a aguardava, Joana
empacava o registro daqueles que lá iriam se descasarem. Paralelo a essa profissão
bem careta, Joana é também uma grande safadona nas horas vagas. Casada com um
jardineiro específico para enterros, Joana gostava das famosas trocadas de
casais, onde os casais eram trocados, porém o “ato final “ do homem teria que
ser inserido na sua esposa, e caso isso não se sucedesse , então estariam
cometendo pecado. O problema da Joana é que na hora de engravidar quem empaca é
seu esposo com espermatozoides saudáveis, porém seu sêmen não conseguiria
copular na Joana, ou seja, eles eram saudáveis , porém nem tanto ao ponto de
engravidar a funcionária pública que fazia questão de atrapalhar as decisões de
casamento alheios em seu ofício. O filme não deixa de ser um exercício a fim de
manter a democracia em vigor, sob nenhuma hipótese de ameaça externa, seja esta
por religião , partidarismo ou militarismo.
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