Boas Intenções
Boas Intenções, 2019. O filme é gaulês.
De boas intenções o inferno tá cheio: o ditado é correto, entretanto existem
pessoas que estão a fim de fazer a diferença, e isso é louvável. É o que temos
como protagonista: uma professora de classe média alta que ensina emigrantes a
aprenderem a língua francesa, porém antes disso ela fazia trabalhos voluntários
mundo afora, inclusive conhecera seu atual esposo oriundo dessas viagens
voluntarias, a maioria no continente africano, onde nos surgimos como espécie “homo
sapiens”, entretanto a região mais deslembrada, e por isso desmocratizada do
planeta Terra. O filme tenta, sem êxito algum, mostrar o fluxo emigratório de
pessoas de toda parte do mundo, incluindo um brasileiro meio gay e débil mental
ao meu modo de ver, que usava uma camisa da seleção brasileiro do Thiago Silva,
aquele mesmo que tremeu de medo nas oitavas de final, contra o Chile na Copa de
2014 em pleno território brasileiro, ou seja, a camisa pesou e o que vimos fora
o 7 x 1 contra a Alemanha; sim ganhamos a copa ”Ameriquinha”, mas e daí, serviu
pra quê? Como fala o comandante do nosso último título mundial, o grande
Rivaldo: “ Copa América vencida daqui há uns dois anos ninguém se lembra, mas
Copa do mundo é outra coisa, ganhe e veja como é” . Fato é que nunca fomos um Rivaldo
( no máximo “brocávamos bolas na rede oferecidas por generosos meias, ou vez ou
outra, pegávamos a bola e disparávamos contra o goleiro e zagueiros, mas isto
fora em tempos passados , e é oportuno salientar que é preciso respeitar ele: o
tempo, o senhor de todas as razões. Futebol à parte, coloquemos a obra fílmica
no centro da discussão; estávamos apresentando nossa protagonista: uma
professora de analfabetos emigrantes em Paris. O que mina,e consequentemente
acaba com o filme, é a mesmice de sua cena; não que a cena em si desmotivasse a
obra fílmica; nesta questão mostrara-se uma Paris belíssima com o Rio Sena como
pano de fundo, inclusive, entretanto o
filme fica nisso, ou trocando em miúdos o filme fica na sala de aula com
uma professora incapaz de gerir sua própria família, e por isso incapaz,
também, de fazer qualquer coisa. Há uma tentativa de colocar o filme para
outros ares, com um professor de autoescola, sendo que este entra na estória
porquausa de um lei que obriga a trabalhadores a tirar uma carta de motorista
para, então, se liberarem e estarem aptos a trabalhar, afinal que país é este:
é mesmo a França que se sucede assim? Se for , toda minha admiração vai ralo
abaixo, e povo evoluído que se foda com uma lei dessas. Fato é que a obra
fílmica se desenrola nesse limiar da saída de sala de aula para outra sala de
aula : a de motorista, fato este que deixa o filme bastante longo e monótono.
Uma hora e quarenta minutos de pura embromação nesta situação: confesso que nos
primeiros quinze minutos tinha matado a charada e vi que a jornada seria longa
e repetitiva. Afinal a protagonista seria uma boa pessoa só porque estaria
disposta a ajudar, isto não seria uma consequência emocional do seu espírito e
de suas decisões ou ela estaria em outro plano designado como uma pessoa
evoluída, e por isso, boa? Fato é que achei o filme uma grande merda e a protagonista
uma grande babaca: Ou seja, uma perda de tempo, por isso digo com todas as
letras possíveis: não vá ! Respeito bastante à crítica cinematográfica. Se tem
uma profissão que me identifico e se perguntarem quem sou eu: respondo , sou
crítico de cinema; todavia isso leva em conta, inclusive, minhas opiniões, e
não me sinto mau e dizer-lhes que não vão a determinado filme e vão
naquele,afinal a profissão do crítico é esta: ser juiz na sua arena e “ajuizar”
quem está desarordenando com que tipo de filme ver, e ao meu assistir, esta
escolha influenciar a todo o seu dia, e todas as suas decisões em consequência.
Temos ainda a decisão de ser o tripé entre um filme acabado e o público: somos
mais que isso, na verdade o crítico é uma extensão do que foi o filme, ou seja,
o filme não acaba quando ele acaba instigando, inclusive pensamentos que o próprio
autor não tinha tal perspectiva, mas o crítico tem essa “missão” de construção
de pessoas que pense criticamente sobre a vida e não somente sob aquilo que acabaram
de assistir. Por vezes, como esta, temos que encher um filme daquilo que ele
não têm, mas isso faz parte, afinal generosidade deveria ser uma qualidade de qualquer
filha da puta de ser humano, fato este que dificilmente se sucede pelo ocorrido
da velocidade dos acontecimentos de quase toda vez atropela nossos sentimentos
, ou aquilo que poderia ser um sentimento. Crítico de cinema critica a vida e
não só aquele determinado filme, e coitado daquele diretor que acha que estamos
dando toda nossa atenção a sua obra, pelo contrário, sua obra serve , nada
menos, como uma mola propulsora para entendermos o que chamamos de vida e de
humanos que vivem através dela. O filme é bem ornamentado no que tange as direções de arte e fotografia ( é o máximo que consigo ser generoso com ele ) , porém em questão de roteiro e direção geral trata-se de um desastre. Não dá pra dar uma nota acima de 2,5.
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