O Filme da Minha Vida
O Filme da
Minha Vida, dirigido por Selton Mello, Brasil, 2017.
Antes quero aproveitar, e afirmar de uma vez por todas, a
diferença do autor com o crítico de cinema, ou seja, o autor assume no peito e
faz tudo, enquanto o crítico divaga sobre o que podia, e queria ser aquilo.
Falo ou escrevo por experiência própria, ou seja, nem sempre
o que está escrito no roteiro irá ser interpretado da forma que o diretor
deseja, pois o caminho de criação não exige certo rigor com as palavras, mas
sim com a intenção que há de porvir delas. O que quero expressar é que o ator,
e esse por mais que seja instruído pelo diretor, pode transformar, na hora
certa, um pleonasmo em uma palavra vulgar, mesmo que fazendo o roteiro, ache
aquela palavra perfeita para aquela situação, porém isso muitas, ou a maioria
das vezes, acontece. Como diretor e crítico de cinema, entendo todas essas “por
venturas” no processo de assistimento de uma obra da sétima arte. A que estamos
a contar em questão conta o enredo de um filme, que tem um filho sem um pai
autêntico. Melhor explicando: o marido abandonara a esposa quando tivera um
filho, mas não é bem assim, pois como macho e reprodutor, automático, tal
marido acha outra “ reprodutora”, que entende que ele precise de tal atenção
naquele instante , ou até por outros anos seguintes. Ser crítico de cinema,
hoje, não é uma profissão que podemos encher a boca e dizer: “ poxa, que
maravilha de profissão”, porém este mesmo estilo, ou melhor, encalço profissionalístico
ajudará mais adiante, isso, sem querer, querendo. Todavia ,voltemos ao filme e
afirmemos que existe uma senhora solitária com um guri pra griar. Não existe
pai porque ele dera um “mais nunca”, antes mesmo do menino nascer, por já ter
outra fêmea na parada. Como francês vivendo no Brasil, tudo era novidade, inclusive
e principalmente as brasileiras, visto que se encantara com um rabo de saia
“mais avantajado”, ou seja, com um rabo maior, ou mais sedutor. Entretanto o
filme não foca somente nisso; existem as lembranças do pai, porém nada que
possa diminuir a sua ausência. O garoto cresce sem o pai, mas por ironia do
destino, torna-se professor de francês, a língua materna do pai, naquela
cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul. Walter Carvalho, mais uma vez “pra
variar”, nos exibe uma bela fotografia na obra do diretor-ator, Selton Mello,
sendo o bolo da cereja de mais um bom filme nacional em cartaz nos melhores
cinemas para você, caro leitor, apreciar e colocar um pouco mais de luz, em
vossas vidas. Atuações competentes, direção azeitada do Selton, de modo que não
tem como não indicar o filme da minha vida, ou melhor, da vida do Selton e que
pode vir a ser da sua também, então se levante e corra ao cinema mais próximo e
boa sessão.
Comentários