Não Devore Meu Coração – Filme de Abertura do 50 Festival de Brasília Do Cinema Brasileiro.

Não Devore Meu Coração – Filme de Abertura do 50 Festival de Brasília Do Cinema Brasileiro, dirigido por Felipe Bragança, Brasil/França/Holanda, 2017.

A expectativa é, de fato, a pior das aliadas que podemos carregar para uma sala de cinema. Escrevo isto, pois tinha me encantado com o primeiro longa do diretor carioca: uma espécie de Casa Grande & Senzala contemporânea. Uma obra que faz refletirmos acerca da relação entre as classes sociais no Brasil. Porém, o filme de abertura do 50 Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, não é, nem de longe, parelho ao primeiro longa do Felipe: Casa Grande. Cerimonia de festival é sempre uma noite à parte: comidinhas e biritinhas no final da sessão;cinema lotado, este, Cine Brasília, com seiscentos acentos e mais alguns , muitos, aos corredores saciando a vontade de ver o filme selecionado de estreia. Pois bem, o filme nos fala de territórios, ou sendo mais específico, a auto intitulação de locais que esbarram-se nas fronteiras entre o longínquo Brasil do Mato Grosso do Sul, com o Paraguai. A fronteira é delimitada por um rio, este que vemos durante todo o filme, corpos estendidos, ou melhor, boiando mortos. Os cadáveres eram paraguaios que, do dia pra noite, se viam lá no Rio Apa, como uma espécie de recado para os hermanos de quem mandava naquela área eram os Brazucas. Os pseudo assassinos, já que não se têm cenas de brasileiros matando paraguaios, mas sim o inverso; mas a gangue do MS, leia-se Mato Grosso do Sul, tinha algumas peculiaridades que o diretor e roteirista Felipe, não consegue uma adaptação convencível dos contos de Joca Reiners Terron. Temos um exemplo clássico, onde na obra fílmica, uma espécie de líder ou coronel, apelida e só chama seus homens de confiança de meses do ano; O Cauã Reymond era o dezembro, por exemplo e um outro fulaninho era Setembro, de modo que o filme não explica o porque dos apelidos. Paralelo a briga por posse de terra e de Rio Apa, entre a gangue “Mad Max Tupiniquim” e os índios Guaranis paraguaios, existia uma tentativa de romance entre uma índia paraguaia com o irmão mais novo do Cauã, ou do “Dezembro”. Um garoto de treze anos que, sem pai e com uma mãe debilitada psicamente, via como seu único exemplo seu irmão mais velho: um Agroboy metido nas confusões com os hermanos Guaranis do outro lado do lendário Rio Apa. É louvável relembrar a sangrenta guerra do Paraguai que assolou aquela região, porém a narrativa, ou a falta de narrativa poderia ser melhor desenvolvida; Obvio que existia poesia na tela, e víamos nossa ancestralidade indígena Guarani sendo contada, porém ainda assim, e por tratar de um filme de abertura em uma data tão emblemática, 50 edições, é que acho que o Festival errou na escolha, principalmente pra quem viu as três horas , ano passado, do longa do Vicent Carelli: Martírio, onde este sim,  víamos e entendíamos a história indígena, e por isso nossa, do nosso continental e amado Brasil.

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