Monsieur & Madame Adelman

Monsieur & Madame Adelman , dirigido por Nicolas Bedos, França, 2017.  O filme é bom, mas têm um fatal erro em seu roteiro, de modo que compromete as atuações, e por fim, as percepções de quem assiste. Inicialmente a grande ocular fixa-se, em um retrato do peito pra cima, um sujeito barbudo, entre costado em um pub, com cigarro em uma mão e um copo de uísque noutra. Quem o vê é uma elegante mulher: a fêmea ou senhora Adelman, ou seja, a futura esposa daquele “Mané” que se encontrara bêbado no dia em que conhecera a mulher da sua vida. O sujeito em questão é um escritor, que afogava as mágoas no Pub por, mais uma vez, ter seu livro rejeitado por todos editores de todas editoras que conhecia. A química é esplêndida entre ambos, de modo que rola sexo no primeiro encontro, em uma Paris dos anos 1960. O escritor, de origem burguesa, e por isso envergonhado do seu berço numa Paris envolvida pelo socialismo de seus representantes, encanta-se com uma mulher alta de origem judia. O encontro familiar para com o recente casal formado é como chumbo em guerra, inclusive com o direito do pai do escritor chama-la de puta por “pegar” o irmão, e querer ficar com um outro, este no caso, o nosso protagonista escritor, ou quase protagonista, vai. O encontro com a família da bela judia acontece total e apaixonadamente diferente, pois o escritor gosta tanto de como a família da namorada pensa, e age, que este começa a pensar que era judeu, de fato. Os tempos passam, e a câmera do diretor é atenta nos caracterizações de figurino e maquiagem, de modo que vemos aquela jornada ou percurso deste atípico casal: um escritor com uma estudante de Letras de uma prestigiada universidade francesa, e com pós-doutorado e tudo mais. Os filhos nascem e as crises conjugais, também; e tudo isso é visto por quem assiste os seus mínimos detalhes com as belas atuações destes personagens centrais da trama. Ao fim da sessão ficamos com a sensação de que poderia ser conosco aquela estória linda e ameaçadora, ao mesmo tempo. Enfim, a vida é sempre um delicioso mistério que, cabe a nós, decifra-la; e o filma instiga esse encantamento das coisas sem controle, ou o impulso dos desesperados por “vida”, com seus sabores e dessabores. Belíssimo filme francês.

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