Pequeno Segredo

Pequeno Segredo, de David Schürmann, Brasil, 2016. Não é que o filme seja ruim, pelo contrário. Fiquei surpreendido pela qualidade da obra. O diretor é irmão da protagonista e este é seu segundo longa. Entretanto cabe aqui uma ressalva: este foi o filme indicado para nos representar no Oscar 2017, e obviamente já foi eliminado na disputa do páreo como melhor filme estrangeiro. Não cabe aqui a este crítico fazer ponderações político-partidárias acerca do merecimento ou não do filme ter sido o escolhido pelo incompetente Minc e seus gestores. Tá na cara que o filme pernambucano Aquárius do Kleber Mendonça Filho e protagonizado pela Sônia Braga é que deveria ter pegado a vaga e nos representar dignamente no Oscar, mas como o nosso principal órgão regulador do audiovisual, Ancine, fazendo uma infame e burra dupla com o vosso querido Minc, não poderíamos esperar outra coisa. Opiniões divergentes a parte, vamos a uma resenha do filme de um diretor de cinema que não é propriamente um cinéfilo de carteirinha, como dizem. Ele não é porque vivia dando voltas ao mundo com sua família em um barco: a família Schürmann, e por isso me surpreendi pela qualidade do filme, porque o diretor só teve tempo e vontade em se tornar um cineasta após ser maior de idade e fazer um curso universitário para tal finalidade. Então é crível e também amplamente visível termos no filme algumas câmeras colocadas de maneira errada ou em locais errados ( e isso sem falar nas escolhas das lentes de câmera )na obra, isto é, faltou bagagem cinéfila para o cineasta. Bem, o filme conta a história da tal família Schürmann que vive aparecendo no Fantástico todo domingo na emissora global. Em certa parada em um porto da Nova Zelândia a família recebe um presente inusitado: uma filha. A mãe, brasileira do Pará, tinha morrido e o pai já estava a caminho. O roteiro foi bem construído por contar o filme em dois locais e tempos distintos. A mãe fora atropelada ainda no Pará e recebeu uma transfusão de sangue contaminado de HIV, de modo que eles só foram saber após chegarem de barco à terra natal do seu esposo, a Nova Zelândia. O pedido é feito e os Schürmann aceitam a bordo o bebê contaminado pelo vírus. Este é o segredo guardado a sete chaves pela mãe adotiva sobre a doença da filha, não contado nem mesmo para a criança. Mais uma vez replico: não trata-se de um filme ruim, mas nos representar no Oscar não seria pra tanto. Tomara que em 2017 o Minc e a Ancine estejam mais atentos a esses grosseiros erros de gestão.

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