A Era de Ouro

A Era de Ouro, de Leonardo Mouramateus, Brasil, 2014. O média metragem fala de emigração e relacionamentos, entre outras coisas, como por exemplo: Mercado de trabalho, oportunidades; e estas quando surgem são de fato boas , ou a pessoa teria que vender sua alma ao diabo ou ao capitalismo ? Fato é que se quiser trabalhar é necessário entrar no jogo do capital. Ou se fode entrando ou se fode mais ainda dependendo dos outros para comer e viver. As angústias do casal protagonista são essas: Enquanto a atriz sai de Fortaleza para São Paulo e se transforma em uma executiva de vendas de lugares com potencial rendimento de crescimento imobiliário; o seu namorado, diretor de teatro, decide ficar em Fortaleza vivendo da arte. A saudade bate forte e o cara pega um voo até Sampa para ver a amada. De imediato logo vê como São Paulo é diferente de Fortaleza e pergunta a mulher: O que te fez vir até aqui? Afinal o mundo de ambos antes era dedicado ao teatro, ou seja, com total desprendimento material possível. O seu estranhamento é que sua suposta ainda namorada gostava de estar em São Paulo, onde quando faz frio é foda, mas quando faz calor é pior ainda e não se deve pegar a marginal após as cinco da tarde. O cara fica com uma "cara" de paspalho, como quem tivesse ficado parado no tempo. Angustiado, porém aceita a decisão da namorada e começa a viver com ela em seu apartamento. Os dias passam e o diretor de teatro só se vê mais angustiado com aquele amor que não existira mais, agora estava na frente não mais da sua atriz, mas na paulistana boa de lábia e com terninhos caros para trabalhar. O impasse estava firmado por esta ambivalência de valores. Qualquer espectador poderia sacar de primeira qual era a tensão dramática do filme, ou em outras letras: O que estaria pegando entre o casal, alias pegando não, faltando de pegar. Com este argumento de roteiro Leonardo Mouramateus nos propõe uma reflexão aos nossos valores, ou até nos faz pensarmos em até que ponto vale se dar ao capitalismo e deixar sua arte de lado. De uma coisa não tenho dúvidas: Quando entramos sério na arte, não é culpa nossa; isso estava meio que preestabelecido, ou seja, não se escolhe ser artista, você nasce com esta predisposição genética e pronto, é só. A questão do viver da arte é que de fato pega , pois ainda não tem a valorização necessária para os médicos das almas. Enfim, um bom filme que nos instiga a pensar em decisões ou até na falta delas.

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