O Abutre

O Abutre, de Dan Gilroy ,com Jake Gyllenhaal, EUA, 2014. O filme foi tido como a principal injustiça do Oscar este ano, e com razão. No mínimo o protagonista do suspense psicológico teria que estar entre os melhores atores, e ainda de quebra colocaria para concorrer como melhor roteiro também, e isso no mínimo, pois estão bem melhores que os indicados nas categorias roteiro e edição de som. Enganos ou injustiças à parte O abutre nos faz, nós jornalistas, sair do filme pensando em certos valores éticos da profissão; Até que ponto o jornalista pode chegar e não ultrapassar a privacidade alheia? Isto está em jogo na trama cheia de violência psicológica, e talvez por esse motivo, tenha um bom roteiro. O protagonista do filme é um desafortunado e infeliz roubador de fios elétricos públicos, ou seja, era nada mais ou menos que um ladrãozinho de araque, porém bem menos perigoso que nossos ladrões profissionais de Brasília, pois estes quando resolvem roubar não se contentam com pouca coisa como o personagem do filme. Todavia em uma dessas idas de roubos de fios, ele se defronta com um acidente fatal automobilístico, e percebe que tem alguns jornalistas ( ou abutres? ) filmando a desgraça alheia. O cara fica com essa cena do outro filmando um ser morto e quando liga a TV assiste aquela mesma cena em todos os noticiários. Isto liga uma luz nele: “Opa, se aquele cara consegue fazer aquilo eu também posso, bingo !”. O interessante é como o protagonista se considera um empresário cheio de regras para fazer aquele ofício “sujo”. Até com seu único e mísero subordinado ( um morador de rua, como era ele ) os diálogos chegavam ao ponto do ridículo tamanho o grau de profissionalismo que o patrão exigia do empregado. Entretanto ainda com toda esta formalidade na medida errada o cara consegue alguns furos de reportagens trashs, e isso lhe dá condições em adquirir novas filmadoras, vendendo as imagens para uma dessas emissoras sensacionalistas que parecem não ter fim em todo lugar. Como não tinha nada a perder o cara se jogava nos mais perigosos homicídios da cidade graças a aquisição ilícita de um rádio transmissor da policia que lhe possibilitava saber no mesmo instante dos policias onde estava acontecendo cada ação criminosa em Los Angeles, e com seu carro vermelho super turbinado sempre chegava antes da polícia , fato este que valorizava ainda mais na venda tais imagens dantescas de sangue e pescoços cortados ou pernas arrebentadas. O bacana do filme é indagar a questão da falta de privacidade das pessoas no mundo de hoje, onde cada coisa que fazemos corremos o risco de estarmos sendo vigiados por uma câmera ou por um lunático destes.

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