Joe

Joe, de David Gordon Green, EUA, 2013. O filme foi premiado como o melhor no festival de Toronto, o mais importante do Canadá. Trata-se de uma história baseada em fatos reais onde a única regra era de sobreviver da própria vida, esta que por vezes pode ser bastante amarga. Como personagens centrais temos Joe, interpretado por Nicolas Cage e nome que dá título ao filme, e um garoto de quinze anos, filho de um bêbado violento, interpretado pelo promissor e sensível garoto Tye Sheridan. Joe era um fora da lei que tinha se envolvido dezessete anos atrás em um acidente com um policial, o levando há trinta e seis meses de cadeia; E o garoto Gary por sua vez tinha que aturar a bebedeira e surras do seu pai, este que já tinha estuprado sua filha e deixado sua esposa louca de tão barra pesada que o sujeito era. Mas e, entretanto mais “casca grossa” que o pai bêbado do corajoso garoto Gary era o tal do Joe; Um sujeito que literalmente obrava para as leis e tinha por hábito dirigir completamente embriagado e ainda se achando no direito de fazer isso, já que nunca tinha atropelado ou ferido alguém por isso, ao menos. O encontro de Joe com o garoto se dá por pura necessidade da vida. Joe, apesar de seu gênio forte e ser um homem solitário por conseqüência disso, coordenava um grupo de subempregados, em sua maioria negra, a envenenar pinheiros em determinados terrenos para que estes sejam transformados em locais para instalações de fábricas. Joe estava obrando também para o meio ambiente. Ele fazia o que pediam e ganhava por isso; Um jeitinho bem norte-americano de ver as coisas e a vida, por sinal. Fato é que para fugir das surras do pai bêbado o garoto Gary foge para o mato e encontra Joe e seus empregados. O garoto não explica sua situação, coisa que também não adiantaria contar que estava sendo surrado todos os dias por seu pai, pois Joe também obrava para quem quer que fosse, sendo essa pessoa uma criança, mulher ou idoso. Joe tinha perdido referencias da vida do que era certo de se fazer ou errado. Vivia praticamente no “automático” com a garrafa mais próxima e não entendia, e não fazia questão alguma de entender, como a vida de fato funcionava. Para Joe a vida se prestava a beber, se “aliviar” ou “explodir” com a prostituta mais próxima e tratar bem sua cadela de estimação, somente isso. As lembranças de um passado na cadeia e o alcoolismo só permitiam deixar nosso protagonista enxergar isto em sua vida. Eis que surge um garoto meio assustado pedindo emprego no meio da mata para Joe. O fora da lei olha para a cara branca do garoto e decide dar uma chance a ele. A partir desse momento Joe, apesar de não perceber, acaba dando uma chance a si próprio a gostar e se preocupar com alguém, tipo como um filho que não teve. A química de ambos é instantânea e o filme se torna visceral e latente por Joe querer proteger seu “garoto” do pai bêbado dele. A trama de 117 minutos não se faz monótona em minuto algum. O que vemos são vidas duras, tanto dos pontos de vistas emocionais e financeiros, mas que em momento algum o roteiro nos deixa desorientados ou desinteressados pelo filme. Tudo é muito bem encaixado de modo que mergulhamos também nos dramas e situações existenciais dos personagens, enfim um filme classe A, duro com certeza, mas sem dúvidas muito bom de assistir.

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