In Secret

In Secret, dirigido por Charlie Stratton, com Elizabeth Olsen com uma atuação estupenda protagonizando o filme, e ainda complemetando o gabaritado elenco nomes como: Oscar Isaac, Tom Felton e por fim a talentosa e carismática Jessica Lange em uma das suas mais díficeis e viscerais atuações no cinema, EUA, 2013. A obra audiovisual é baseada no aclamado épico romance do escritor francês Émile Zola, intitulado pelo prória nome da protagonista , Thérèse Raquin, que tanto furor e fervor fez para o ano de 1867 na capital da luzes por suas linhas politicamente incorretas para época. “Quem com ferro fere com ferro será ferido”. Este jargão popular poderia resumir o filme, porém vamos um pouco mais, além disso. A história se passa entre a Inglaterra e a França no final do século XIX. Como protagonista temos Thérese, cujo pai a entrega a tia para criá-la. A tia tinha um filho doente chamado por Camille da mesma idade de Thérese ( na época uns seis anos cada um tinha), de modo que a garota teve que ser sua enfermeira durante toda sua infância e parte da adolescência. Os dois crescem sob forte regime autoritário de criação da tia; Uma mulher áspera que tinha em seu frágil filho único todo o amor que poderia dar a alguém nessa terra. De fato Thérese fora criada como uma criada da tia e seu primo. Não se sabia a origem da mãe dela, de modo que logo imaginaram que se tratava de uma mundana aventureira que largara a filha logo quando o cordão umbilical fora cortado, dando ao pai e sumindo do mapa. Deste modo e com essas lembranças ou marcas Thérese foi crescendo, ora lavando pratos ou limpando a casa ou o jardim, ou ora cozinhando ou cuidando do seu tuberculoso primo frágil. Thérese crescia e seus hormônios também ao ponto dela roçar suas partes íntimas no capim quando vê um homem com sua foice tratar de um matagal alto e maltratado. O pior de tudo era que seu primo não crescia como homem enquanto Thérese quase subia pelas paredes de tanto tesão. Na beira dos seus dezesseis anos e com uma beleza incomensurável Thérese é pedida inesperadamente em casamento por seu primo-irmão. Sem ter alternativa ela aceita casar-se com ele e partir rumo a Paris juntamente com sua agora sogra. Na capital francesa o seu próprio então agora marido que não comparecia na cama, a apresenta a um antigo amigo que trabalhava na mesma firma. O amor entre os dois foi instantâneo. Thérese enfim descobre o que é o amor, o que é amar e ser amada, o que é sexo, e gosta bastante das descobertas. A paixão de fato nos deixa cegos e com Thérese e seu amante, um pintor de hobby, não foi diferente. Com uma tremenda vontade de não se desgrudarem e pararem de uma vez por todas de se esconderem os dois bolam um plano que era de assassinar o empencílio entre o amor de ambos: O mimado marido de Thérese. O plano do assassinato fica mais fácil, pois além de Thérese, o amante era amigo pessoal do “miradinho” filhinho da sogra-mamãe. Com a desculpa de um passeio a barco, o pintor, com ajuda de sua amada, dá uma remada na cabeça do filhinho da mamãe e com o mesmo remo o faz afundar no lago depois da porrada. O plano era perfeito, afinal, acidentes acontecem. Após dezoito meses da morte do seu ex-marido, Thérese é oferecida ao melhor amigo do morto e seu amante: o pintor, cujo nome era Laurent. Casam-se, mas ao invés de tudo se transformar em um “mar de rosas” acontece justamente o contrário. Thérese continua a morar com sua sogra, a qual lhe promete seus bens quando morrer. A ex-sogra, mas ainda sua patroa começa a ter visões do filho morrendo. O resultado dessas visões lhe custa sua saúde mental; tem um colapso e perde a capacidade de falar e andar. Thérese agora casada com quem queria, teria que ser enfermeira da sua patroa e ex-sogra. É importante salientar que em todo o filme, ou seja, em toda a história de vida da protagonista existia um resquício de culpa de ser quem ela era, de não ser nobre e provavelmente filha de uma literalmente Puta ou profisional do sexo da vida. Essas “ culpas” faziam com que Thérese fosse eternamente endividada com a família com que cresceu. Ela não conseguia simplesmente deixar aquela velha doente que a tinha criada como uma empregada e fugir com o amor de sua vida. A culpa de Thérese era tamanha já que tinha pesadelos com seu ex-marido diariamente. De início foi bonito ver as fugas amorosas e sexuais dos apaixonados; Uma coisa bonita tinha ali no “ proibido” que era a paixão pura e verdadeira de ambos, porém com o tempo, com a culpa, e principalmente com a incapacidade de Thérese deixar-se ser feliz, o filme fica pesado e vemos o outro lado da moeda ou da paixão. Pois bem, com Thérese agora sendo enfermeira da mulher que mais amava e odiava ao mesmo tempo, e com a culpa de ter assassinado seu meio irmão, ou não ter feito nada para que isso não acontecesse, Thérese se transforma em uma mulher amarga para si, para seu marido e para a vida também. A culpa ganha a quebra de braço e Thérese sucumbe à culpa dos fracos que é a de não se permitir ser feliz, de ser algemada por si própria ou por suas vulgas culpas e lembranças( sei que repeti a palavra culpa muitas vezes, mas acreditem: foi necessário, vejam o filme e entenderão o porquê). Fato é que no filme não existem nem mocinhos nem bandidos, todos são culpados e inocentes ao mesmo tempo nesse decurso que chamamos pelo nome de vida, apesar desta história se passar no século XIX, entretanto paixão tem os mesmos sintomas em qual século que seja. Temos no filme um final digno da história onde, repito, não existem culpas nem culpados, e assim que deveríamos caminhar, ou seja, com menos pesos nas costas de coisas que não decidimos e mais leveza para escolher nossos próprios caminhos, e por favor, sem culpas. Belíssimo filme que, com certeza, vale ser conferido e apreciado sem moderações.

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