Cidade de Deus

É no calor que as melhores idéias surgem: respeito pra caramba a estória do cinema nacional desde a época Glauberiana, mas o melhor filme produzido em nosso solo aconteceu no século XXI.
É  Cidade de Deus, do Fernando Meireles, Brasil, 2001. Comecemos assim: deixemos todo nosso lado inocente ( pra quem é inocente ) ou hipócrita ( pra quem é hipócrita ) e admitimos que não exista nem homens bonzinhos ou mauzinhos: esses dois lados já vem embutidos como uma marca registrada quando nascemos, ou seja, um pedágio que temos de pagar para termos acesso ao nosso nascimento é a nossa natureza dúbia desprovida até de admitir isso: que não somos nem bons nem maus, somos o meio disso. A partir daqui podemos estruturar uma espinha dorsal da obra mais respeitada mundo afora do Brasil, que é  Cidade de Deus. Fora ser uma puta obra cinematográfica em todas suas nuances ( fotografia, figurino, atores, roteiro, produção, direção de arte ) a obra tem o feeling de começar a estória nos anos 1970. Anos esses da revolução sexual e a paz &amor como lema para a filosofia Hippie impregnada em nossa juventude. Tenho inveja de quem curtiu esse período, apesar da ditadura militar, mas enfim voltando a fita podemos perceber a viscerabilidade em que os atores atuam, principalmente os mirins. Muitos são os casos em que esses atores mirins viram marginais na vida real depois da obra tamanha as lembranças que ficam neles. O maior exemplo que podemos citar foi o Pixote, que é outro filme de arrepiar a boca do balão também. Mas com Cidade de Deus ninguém pode. A obra é uma exceção de qualidade em nossa filmografia, ao menos a mim. Não sei se é porque estou na pilha de tê-lo assistido agora e deixar-me a poesia escrever por mim essas linhas é que me permito a não apenas indicar o filme, mas sublinhar o que ele pode representar a quem assiste, ou seja, como ele pode mexer com você depois de assistido. A obra é uma baita chacoalhada em nossa atitude complacente, marosófica em que não tentamos mudar nada de errado ou de certo nesse país. Fora um protesto aqui ou uma greve acolá, desde os tempos da geração cara pintada que derrubou Collor não presenciamos algo de impactante no Brasil. Para os mais jovens ou a geração Y está sempre tudo ótimo desde tenham uma TV a cabo e uma internet banda larga. As pessoas hoje não lutam por nada e nem por ninguém: somente pensam em seus próprios narizes. Como teremos assim cidadãos politizados reclamando de licitações públicas desviadas com o dinheiro dos nossos impostos, e haja impostos a serem pagos para o governo atual do PT sendo descaradamente usurpados em nossas próprias caras de otários.  Enfim assistam mais uma vez esse clássico da sétima arte e vejam se ele te dá uma pouco de ânimo para , quem sabe, isso ser o início de uma mudança para acabarmos com essa corrupção brasileira, e que será altamente exponenciada com a copa do mundo e as olimpíadas. Enfim e por fim: segura na mão ( mas o pior que esses vulgos deuses são os maiores dos maiores ladrões ultrapassando até nossos políticos de qualquer que seja o partido político com seus cultos e alienação mental ). Mas que Cidade de Deus é o melhor filme brasileiro de todos os tempos, disso não tenho dúvida alguma, e apesar de a estória dele ter sido passada há mais de 40 anos atrás continua atualíssimo: só basta abrir o jornal de sua preferência amanhã de manhã e ver que as favelas ainda continuam em guerra entre os pontos de drogas, apesar dos vulgos PCC para gringos acreditarem, afirmarem que funcionam e estão seguros , mas se quiser subir em um morro para comprar um pó ou maconha não será difícil de achar.




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