A Busca

A Busca, dirigido pelo Luciano Moura, Brasil, 2013 ; E roteirizado pela Elena Soarez com a excelente atuação do seu protagonista: Wagner Moura que alguns dizem que carrega o filme “nas costas”, boato que tem certo fundamento. Andei lendo algumas críticas de cunho negativo sobre o filme. Desde já discordo e acho que A Busca veio para encurtar a distância que existe ou existia em relação aos filmes argentinos ou portenhos. O seu roteiro não é um parque de diversões onde você coloca sua bunda gorda na poltrona e ele o dá de “mão - beijada” uma explicação para as perguntas que os personagens estão em busca como o espectador. A forma do filme se assemelha aos filmes das melhores produções sul-americanas ( eles não são melhores só em eleger Papa e ter o melhor jogador de futebol do mundo ) pela forma dessa realização audiovisual, ou seja, pela maneira pessoal de colocar na tela os temas do drama; Temas esses de cunhos mais pessoais, familiares e não cunhos sociais como são a esmagadora maioria das produções nacionais. O primeiro filme ou primeiro passo a fim de nos colocarmos como “aprendizes” dos argentinos em matéria de sétima arte foi o que se esperava dele, ou seja, com algumas gafes e outras cenas monótonas , porém a essência do longa , que não é tão longo assim, é boa, e nos dá sinal de evolução, principalmente em matéria de roteiro. Até que fim veio um filme para ” quebrar esse gelo” e distância que tínhamos com a Argentina, pois nunca é tarde para reconhecer quem é melhor e assim sairmos desse senso comum ridículo dos filmes produzidos em solo tupiniquim, salvando-se raríssimas exceções, como ano passado e esse atual , tais como: A febre do Rato, O som ao redor, Era uma vez eu, Verônica ( a maioria dos filmes pernambucanos, que sem dúvida alguma são os melhores filmes do país ), Sudoeste, Dois coelhos e outros poucos que não estão nessa limitada lista para os padrões de orçamento da Ancine. Posso pegar outro exemplo para falar mais negativamente, por burrice diga-se por sinal, do cinema nacional; Por exemplo: O Uruguai; Onde em média se fazem 11 filmes por ano devido ao seu baixo orçamento audiovisual, porém desses 11 filmes anuais sempre vemos produções honestas, modestas, porém e todavia com excelentes roteiros e filmes como por exemplo: “ O Banheiro do Papa” que em seu ano de lançamento fora premiado em Cannes e outros festivais importantes. Enfim, está na hora da Ancine mudar. Não me refiro nem a nomes, pois isso envolve política e nosso foco ainda é o cinema, embora infelizmente uma coisa se atrele a outra. Mas me refiro a uma postura mais transgressora no sentindo de mudar os tais filmes patrocinados por ela, ou seja, começar a colocar a porra do povo brasileiro a pensar, a parar de produzir filmes como “ E aí comeu? " e colocar no maior número possível de salas comerciais, os ditos Multiplexs dos Shoppings Centers, filmes como: Sudoeste ou Era uma vez eu, Verônica. Está na hora, aliás, passou da hora do cinema parar de ser um entretenimento chulo, banal como a televisão é. Chegará um tempo, se a política do audiovisual brasileiro, leia-se ANCINE não mudar, que ir ao cinema será como ver um filme da sessão da tarde da rede de esgoto globo de tv; e o pior: que esse tal tempo já chegou acontece faz um tempão e para quem está no comando sempre será mais vantajoso manipular cidadãos que assistem coisas supérfluas em que não acrescentam em nada quando estes vão aos cinemas, e isto quando vão. Falar em ler livros então é melhor nem tocarmos no assunto, mas lanço um desafio aos que lêem: Pergunte na rua, não na padaria mais chique ou em um clube de squash, qual foi o último livro que essa pessoa leu. Sua resposta certamente será na esmagadora maioria das vezes:   “ Olha, faz tanto tempo que não leio que não sei lhe responder”. E aos que lembrarem não se assuste se responderem: “ Foi O Pequeno Príncipe ou um norte –americano Best –seller idiota qualquer”. Puta encruzilhada cultural essa que vivemos atualmente e olha que na ditadura era pior pela censura, mas não faltavam bons filmes embora esses fossem proibidos. Tenho que nessas horas concordar com o Raul Seixas e recorré-lo: “ O jeito é alugar o Brasil”.

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