Tropicália

  Com um vasto número de documentários musicais vistos por esse que vos escreve sobre o tema, Tropicália, do Marcelo Machado, Brasil, 2012; Se esta obra não foi a melhor, está na lista entre os documentários mais éticos do gênero sem sombras de dúvidas. Geralmente quando pensamos em Tropicália, que fora esta grande revolução musical na música brasileira, logo associamo-nos ao Caetano ( ou Caretano ) e ao Gil. Todos os documentários que assisti do gênero, exceto este, de certa maneira sucumbe e acaba por “puxar a sardinha” para os dois artistas citados. Não sei se isso acontecia pelo fato de ser mais fácil associar tal movimento com os dois músicos que estavam na linha de frente do gênero musical novo, meio que “patenteando” de forma incorreta tal e pegando os "seus louros" do estilo ou da tal nova ordem de música produzida no Brasil nos tempos ditatoriais. Fato é que sim: os tempos de ditaduras eram de realmente difíceis para a liberdade de expressão, e em se tratando de liberdade artística então a censura se exponênciava consideravelmente. Umas das partes do isento e por isso melhor documentário produzido a respeito do tema ou estilo musical abordado que mais chamou-me atenção foi quando “Caretano” e Gil em que já estavam exílados em Londres, entrevistados por um jornalista qualquer deram a seguinte explicação sobre o movimento: “A tropicália já não existe mais, foi apenas um movimento que existiu enquanto eu e Gil morávamos no Brasil, de modo que agora nós exilados de Londres, esse estilo obviamente não teria como continuar a acontecer ainda em terras tupiniquins", esquecendo totalmente de outros artistas ou grupos como Mutantes, Chico Buarque, Ritta Lee, entre outros. Aí é que entra o mêrito, ao menos para esse resenhista, deste documentário, que é por ter pontos de vistas diferentes dos vários outros filmes já produzidos sobre essa época ou esse estilo musical que tanto influenciou nossa cultura. O documentário não se restringe apenas a só limitar como os “pais” da Tropicália Gil e “Caretano”. O documentário tem a perpicásia e principalmente as provas para adentrar no tema e mostrar que mais influência dos artistas baianos citados, o movimento tinha por si só, ou seja, por suas próprias pernas e forças, estilo e estória própria. Não podemos deixar de hipocrisia e falar que o movimento Tropicalista foi de todo nacional, ou seja, nasceu aqui com ideias dos nossos artistas, pois isso não é a verdade concreta. O mais sensato seríamos admitir que a Tropicália foi um movimento que desde sua origem sempre tivera influências fortemente pop de artistas internacionais, isso sem contar com uma “bebedeira”sem fim do blues e do jazz norte-americano. Enfim: como na natureza nada se cria mas tudo se transforma podemos classificar a Tropicália com um movimento sim, óbvio: de suma importância, tanto do ponto de vista cultural assim como principalmente político por suas inteligentes letras com duplos sentidos de que em sua maioria protestava contra a ditadura militar. Agora falar que a Tropicália foi um movimento do inicio ao fim nascido e criado somente por artistas nacionais sem influências de artistas e situações políticas e culturais internacionais seria no mínimo uma mentira descabida. Mentira essa devidamente esclarecida pelo Tom Zé no programa do Jô (que escreva-se de passagem: um gordo hipócrita e insuportável, assim como tudo que tem e passa naquela emissora ou 95% das coisas de lá, ou seja, quase tudo, e isso eu sendo generoso ). Temos como tupiniquins nos orgulhar do movimento tropicalista sem dúvidas, porém não foi essa “coca-cola toda” como a maioria prega. Um documentário musical profundo do movimento discutido em questão, enfim um documento ético e acima de tudo lúcido do que foi de fato o Tropicalismo dos “patentiadores” Gil e “Caretano”,ou não.

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