Histórias só existem quando lembradas

Histórias só existem quando lembradas, de Julia Murat, 2012, Brasil/ Argentina/ França. Realmente uma obra-prima, onde infelizmente só pode ser conferida em festivais, pois em salas comerciais tamanha genialidade não tem espaço. A Julia Murat brinca com temas como: velhice, morte, vida, jovialidade, experiência, falta dela, alegria, tristeza como estivesse brincando com bolas de gude. Com locações em casa antigas de um interior brasileiro, a fita nos faz repensarmos em nossas vidas, em que rumos darmos a ela e como seguir com elas mais levemente, sem culpas e com mais convicção. A simples, porém bela fita conta a estória de uma jovem andarilha que decide passar alguns dias em uma cidadezinha do interior de algum canto desse Brasil, apostaria que seria em Minas Gerais, mas como a fita não divulgou tal informação, fiquemos no achismo mesmo. Porém isso é o que menos importa. As relações pessoais e sóciais dessa andarilha com a população local é que nos faz mitigarmos sobre a fita nada comercial. O que afinal vale: um diploma ou a simplicidade de uma vida onde as manias e o impiedoso passar do tempo é quem dita às regras? Eu saí do cinema sem saber responder tal simples, porém aspisiosa pergunta. Se não pararmos pra pensar responderíamos na lata: Óbvio que um diploma e tudo que ele fantasiosamente dá direito. Porém a fita é tão genialmente arquitetada no sentido de perceber as coisas simples da vida, como uma mania de uma pessoa que está preste a morrer ou a solidão de outra, que ficamos na dúvida se as melhores coisas são bens materiais de fato. A película é mais completa que essas indagações vazias e repetidas que faço. A fita de um jeito peculiar instiga ao questionamento da existência humana. Sei que esse tema parece soar “piegas”, mas como a diretora aborda isso, sem sombras de dúvidas não se trata de nada “piegas”. Um filme de alma e para tocar nela ou ao menos despertá-la. Salve o cinema independente nacional.

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