Heleno


Heleno, dirigido e roteirizado pelo José Henrique Fonseca, Brasil, 2011 é um primor de filme nacional do qual devemos nos orgulhar, primeiro pela qualidade do filme e segundo por abordar uma personalidade brasileira praticamente desconhecida de nove entre dez brasileiros.
Sabe aquele jogador porra louca que você já foi fã? Pois bem, todos eles são subprodutos de um cara que jogava nos anos 1930/40/50 no Botafogo. Heleno, protagonizado com maestria por Rodrigo Santoro, é um advogado e principalmente boa vida e simpatia, mais antes de qualquer coisa ele é jogador do Botafogo. Amor esse com uma interpretação quase que sensorial do ator vestindo as cores do time alvinegro e a personalidade do personagem que foi Heleno de Freitas, que injustamente não nos defendeu na copa realizada no Brasil em 1950 e arrisco-me a escrever que pelo que pesquisei e que vi da película, se tal boleiro estivesse na dita cuja azarada copa do mundo de futebol o resultado certamente seria outro, pois além de estupendo jogador e brocador ( homem que faz os gols, coloca a gorduchinha na rede ), ele era um líder nato, da forma porra louca dele, mas líder capaz de carregar um time inteiro nas costas e metendo o dedo nas caras dos outros que não faziam nada se preciso fosse. Com a forte personalidade do seu protagonista a fita nos envolve, nos cativa, mostrando até que ponto o homem é capaz de amar algo ou alguma coisa ao ponto de enlouquecer, até que ponto isso valaria a pena? Finalizaria essa resenha respondendo que sempre vale a pena enlouquecer ( tudo vale a pena se a alma não for pequena ), e isso que Heleno fez durante sua vida: viver valendo a pena; por amor, por rancor, por pudor ou por pura e inconscientemente escolha ou falta dela até.

O que quero escrever e deixar claro é que as pessoas não vêm ao mundo com uma forma permanente e “indicável”, elas vem ao mundo para viver como são com todas suas virtudes e defeitos, E isso o filme com a bela fotografia do Walter Carvalho mostra de uma forma sublimar: um homem na maioria do tempo “nu” de todos os valores que nos incumbem e nos submetem. Em certos momentos transviado e marginalizado até pela escolha de ter feito em deixar a advocacia para ser boleiro em tempos que não se via com bons olhos tal profissão como hoje. Um filme para nos orgulharmos do nosso cinema.

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