O homem ao lado
O homem ao lado, dirigido por Gastón Duprat, Mariano Cohn ,Argentina,2009. Viver em comunidade nunca foi fácil, ainda mais quando temos a infelicidade de termos vizinhos insuportáveis. Esse é o caso ou quadro principal dessa bem feita fita de baixo orçamento argentina dando “banho” em nossas superproduções nacionais pelo único e simples motivo: as ideias, a genialidade dos seus roteiros; e disso não precisa-se de muito capital, somente de intelecto. A estória se perpassa entre a “marra” de um vizinho de meia idade e totalmente troglodita em construir uma janela para que seu apartamento ventile mais e pegue um pouco de luz solar. O problema é que essa tal janela teria de ser construída tipo como um camarote para a casa do vizinho ao lado.No inicio do filme pensei comigo: só isso, uma briga entre vizinhos porquausa de uma construção de uma mísera janela, essa estória me cativará mesmo, acreditei que não. Porém fui dando um crédito e vendo mais dez minutinhos da fita e a minha cabeça se fez pela qualidade da estória, pelos seus detalhes incisivos e por vezes ocultos e autoritários em que as relações de vizinhança impõe entre si. Pois bem, o vizinho “agredido” pela construção da janela indiscreta era a antítese do seu vizinho "agressor " troglodita. O primeiro era um renomado Designer, cheio de “não me toque que sou mais que você porque sou reconhecido internacionalmente e tenho um carro da Citroen de última versão”.E o segundo era um típico argentino ignorante e nada mais que isso. A fita se faz rodar nesse antagonismo dos seus personagens onde um era muito rebuscado, educado e o outro por sua vez era totalmente anárquico e não estava nem aí com “a hora da Argentina”. Por essa relação de ver as diferenças das pessoas através da construção de uma janela é que mais uma vez a criatividade portenha surpreende e de certo modo fortalece minha opinião perante as películas daquele país, onde para fazer um filme a principal coisa que se precisa é uma boa ideia, e que o resto: tipo como orçamentos miraculosos, que venham a reboque depois das boas ideias. Não poderia deixar de citar o Irã como um país onde se fazem filmes geniais com este mesmo estilo, ou seja: pouco dinheiro e ideias interessantes, mas este já sempre puxando para o lado religioso e das diferenças sociais, o que também não deixa de ser interessante. Então fica a dica para o nosso cinema nacional que já produz algumas fitas bem legais sem necessariamente serem superproduções, porém em muito menor escala e qualidade em comparação aos países citados.
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