Um Corinthiano

Sempre fui corinthiano e fui perceber isto aos 33 anos de idade. Filho de um paulistano corintiano e nascido em Salvador meu primeiro time foi o Flamengo. Flamenguista por culpa do noticiário esportivo almoçal: Globo esporte que assistia todos os dias, onde este transmitia para todo o Brasil as notícias dos times cariocas (exceto SP, acho não certeza disso). Então peguei a empatia do time mais querido ou da maior torcida do país. Sendo flamenguista convicto de criança até o inicio da minha adolescência, fui ver um Bahia e Flamengo na Fonte nova. Até aí tudo bem, normal, tava lá eu animado na torcida rubro-negra nordestina de todos os cantos dessa região na beirada do primeiro degrau da arquibancada quando o corintiano vestido com a camisa do Flamengo Casa Grande já em fim de careira faz um gol de cabeça e vem comemorar juntos a nós: a torcida nordestina flamenguista influenciada por décadas de globo esporte diárias, batendo no peito do escudo do time, e parando por cinco segundos, olhando pra mim: “Gol caralho!”. Não sei se de fato ele me encarou ou foi alucinação minha, mas aqueles “reais cinco segundos” entre a comunicação dele para comigo foi muito mais do que 30 minutos em minha imaginação. A partida acabou uma zero pro Flamengo. Antes disso eu ainda bem pequenino, desde que tenho lembrança de gente, sempre meu pai aos domingos colocava o vinil do hino do Corinthians, e entre uma baforada e outra ele enchia os pulmões e cantava: “Salve o Corinthians, os campeões dos campeões, eternamente em nossos corações, Corinthians grande de tradições e glorias mil, tu és o clube mais amado do Brasil...”. Era mais certo do fazer sol aos domingos em Salvador ele colocar esse vinil e cantarolar durante as tardes fazendo um churrasco ou relaxando na rede. Se aos quatro anos de idade esse hino ficou inconsciente em mim, continuou da mesma forma quando fiz meus treze, quatorze anos de idade quando mudei de time, abandonando o Flamengo do Rio de janeiro e adotando o Vitória da Bahia como preferido. Tornei-me torcedor a vera do clube e virei sócio de carteirinha de uma das suas torcidas organizadas chamada Leões da Fiel. Não perdia um Ba-Vi e teve um campeonato brasileiro que fui a todos os jogos. Depois de um tempo fiquei menos torcedor fervoroso e fui gostando mais de outras coisas. Na idade de cristo essa confirmação de ser um convicto corintiano baixou em mim, assim como santo baixa em pai de santo; vejam os fatos: Quando era flamenguista o momento mais marcante foi quando o corintiano Casão veio comemorar o gol olhando em meus olhos. Depois quando passei a ser Vitória, fui me chegando a torcida organizada Leões da fiel; que lembra a torcida da Fiel corintiana. Tudo isto inconscientemente, óbvio, pois gostava mesmo do Flamengo e do Vitória. Depois que cheguei aos 33 essa dúvida parece que foi esclarecida pelo fato das inúmeras vezes que quando criança escutava e ora por vezes cantava o hino do timão.

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