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Festivais de Cinema 2020

  Para a sétima arte, que não é Streaming em hipóteses nenhuma, os festivais de cinema ganharam e perderam ao mesmo tempo. Enquanto podemos conferir a inúmeros festivais via online devido à pandemia, todavia perdemos o tato a tato nos que íamos, enfim agora é o momento de atualizar e ver o copo meio cheio. O primeiro festival a ser visto está sendo o de Ouro Preto/MG , cujo site é www.cineop.com.br , de 3 a 7 de setembro: tudo gratuito. Já vi documentários incríveis, como o Dorivando Saravá: O Preto Que Virou Mar, do amigo Henrique Dantas, onde temos oportunidade mais uma vez em vermos uma obra dedicada a Dorival Caymmi, mas uma vez porque no festival de Salvador de novembro passado tinha visto outro doc. também bem interessante chamado Caymmi : Um Homem de Afetos. Conferi outros títulos: Seres, Coisas, Lugares, de Suzana Macedo, o ótimo Avenida Brasil Formosa , de Gabriel Mascaro, Dela, do também amigo Bernard Attal, Até Que a Morte os Separe, da Júlia Arantes entre outros. Os fes...

Amadurecimento

 Trata-se de um relato: o primeiro festival de cinema que fui convidado a cobrir foi o de Curitiba, o Olhar de Cinema em 2015. Em 2016 eles não me chamaram mais, e eu fiquei muito puto com eles: afinal tinha conseguido dois sábados consecutivos de matérias exclusivas para o festival do segundo site mais acessado da Bahia: o Bahia Já. Enfim, fiquei puto e não engoli tal despautério e cobri meus custos e rumei a Curitiba em um típico junho frio. Óbvio que tive de achar o albergue mais em conta. No dia anterior a viagem a Curitiba fui curtir uma noite no Rio Vermelho, a fim de conseguir cobrir um festival denso com sete dias , e praticamente dez horas diárias na sala escura. Peguei o avião ainda com os resquícios da noite do boêmio Rio Vermelho, de modo que quando cheguei a Curitiba , fiquei aguardando o dono do hostel me pegar no aeroporto, afinal ele disse que ia. Passaram três horas num frio desgraçado e o cara aparece. O aeroporto de Curitiba fica em outra cidade, São José dos Pin...

Gestão de crise e reputação empresarial

  No filme, uma explosão numa plataforma de petróleo de uma grande petrolífera norte-americana no golfo do México causa a maior tragédia ambiental dos EUA: Cerca de 20 milhões de galões de petróleo foram vazados e 11 pessoas ficaram desaparecidas. Após isso, uma série de acontecimentos se desenvolvem em torno da figura particular e pública do congressista Collins, interpretado pelo ator Nicolas Cage. O derramamento do petróleo, considerada uma crise repentina causada por desastre natural, parece ser o maior problema a ser enfrentado pelo protagonista como um político responsável. Porém, em meio a situação de calamidade pública, ocorre também uma superexposição na mídia de um vídeo gravado num hotel onde Collins manteve um relacionamento extraconjugal. Situação esta que dá origem a principal crise envolvendo o protagonista, sendo dessa vez, uma crise de reputação. Para além da exposição de uma postura infiel, que abala a confiança na ética do político, a situação é agravada pelo fat...

Adoniran, Meu Nome é João Rubinato

Adoniran, Meu Nome é João Rubinato , com distribuição da Pandora filmes e com direção de Pedro Serrano, Brasil/2020. Estreiando hoje pelo Canal Brasil, e logo quando inicia o filme , no primeiro take perguntam ao ilustre artista o que é a cidade de São Paulo, e ele responde efusiva e genialmente: “ É o inferno que anda!”. Filho de pai italiano, nascido em capital paulistana em 1910, Adoniran teve a antena em captar a essência humana, e por tal motivo o achavam cômico, conseguindo fazer quatro novelas e inúmeros programas de rádio como humorista, mas na verdade narrava à tragédia, esta que sempre teve, e tem, uma linha tênue com a comédia. Quando me refiro à tragédia, não é aquela grega antiga, mas a nossa do dia-a-dia: a da tristeza. Já no final do final do excelente documentário perguntam a Adoniran quem é o Adoniran Barbosa; e ele responde com a velocidade habitual: “ sou uma pessoa triste, alias sempre ,desde garotinho, era triste e as experiências da vida me fizeram colocar no pa...

Peguei

26/06: vou a emergência tendo dificuldades em respirar. As únicas palavras que disse a médica foram a mesma de George Floyd: Não consigo respirar. Ela veio medindo a pressão e em seguida chama a enfermeira para me acompanhar até a sala de testes da Covid19. Após uma hora a enfermeira me chama e mete um cotonetão em minhas narinas, me dá um papelzinho e diz: daqui a oito dias pegue o resultado. Hoje peguei: estou infectado há doze dias, teoricamente, embora ache que esteja bem mais. Antes até este período tive dores de garganta , coriza, tosse e uma diarreia bem tímida. Não liguei achando que era uma gripezinha. Liguei para um médico do plano de saúde e ele me confirmou o diagnóstico, porque até então é difícil achar que o exame estivesse certo por um atendimento tão chulo, que tive. Estou na fase final, entretanto durante todo o processo (devo ter me contaminado no inicio de junho ) nunca deixei de fazer o de sempre: cozinhar, faxina, ir ao mercado, farmácia, dar uma volta de carro, ...

Covid's

Por mais que não admitidos, estamos vivendo em tempos nada comuns. Passamos por uma das maiores pandemias sanitárias de todos os tempos da história da humanidade, e óbvio que isso não passa batido por ninguém. Até mesmos os profissionais que tem o costume de trabalharem sozinhos, como escritores e editores, sentem a pandemia, pois a energia é outra, e isto respinga em suas criações ou a falta delas. Alguns são céticos da afirmação que nada será como antes, que as pessoas vão mudar, que o mundo será um lugar melhor, que o capitalismo irá se enfraquecer. Particularmente não acredito que muita coisa mude a longo prazo; no inicio teremos aquela sensação de que estamos devendo algo a alguma coisa meio que divina, mas que com o passar dos meses pós-pandemia o que irá voltar a reinar será o umbigo de cada um. Já passamos por guerras mundiais, gripe espanhola, peste bubônica e logo em seguida o mundo seguiu seu rumo sem que nada tivesse acontecido, então por qual motivo temos que acreditar...

Black Lives Matter in Brazil

Nascer e se criar em Salvador, para muitos norte-americanos uma Nova Orleans melhorada, tem-se algumas peculiaridades, alias como em todo lugar, todavia por Salvador ser a cidade mais negra fora do continente africano, experiências vividas aqui só poderiam ter sido nesta cidade por este aspecto racial, que como é sabido está em pauta no mundo inteiro após a morte de um norte-americano negro por um policial branco nos EUA. Não posso dizer que sei o que George Floyd sentiu quando estava em seus últimos suspiros, dizendo ao policial branco que não conseguia respirar com um joelho em sua garganta, de fato só outro negro poderia se colocar no seu lugar pelo histórico de racismo que temos desde os tempos tenebrosos da escravidão. O que posso mencionar são fatos que sofri de racismo invertido em Salvador. Por ser branco de classe média, a maioria dos meus amigos eram negros , e para me enturmar tentava de todas as formas pegar as gírias, os remelexos quando dançavam, seus estilos de músicas...