Tentei

Tentei, da Laís Melo, PR/Brasil,2017. Este foi o grande vencedor do Candango de melhor curta metragem do último festival de Brasília. Quando , antes da exibição, atriz protagonista disse que fez o filme por R$ 23 mil reais e ainda achou pouquíssimo, pensei comigo: pera lá , fiz o meu, na camaradagem , sem custos com atores por R$ 600,00; porque essa menina tá reclamando do seu orçamento? A resposta veio em seguida com a exibição do estrondoso filme. Mas do que a obra, a mensagem é o principal, e esta vem bem acompanhado de uma sonoridade potente, acho inclusive que quem ganhou o Candando foi o som, e não propriamente a dupla audiovisual. A obra começa com uma mulher saindo de sua cama, pela manhã, ao lado do seu companheiro. Na feitura do café com um pão esquentado na frigideira começamos a perceber aqueles braços cruzados da atriz, e não era frio, apesar do Paraná; mas sim de uma agressão que ela sofrera a poucas horas atrás, do seu próprio companheiro, que fazia isso com frequência. No segundo take estamos na delegacia, com uma narrativa quase que sufocante, onde só quem falava , ou melhor perguntava, era um pseudo-delegado psicólogo. O som da angústia em denunciar seu próprio companheiro partia a moça no meio, não sabendo se aquilo que estava por fazer, era certo ou exagero da sua parte; pensava ela. A cada batida de carimbo, a cada burburinho de outras violentadas na delegacia, víamos o som do filme imperando e arrebatando as narrativas, como se estas fossem coadjuvantes, e de fato, foram.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livros do Joca

Pirataria X Streaming

Cangaço Novo