Jupiter’s Moon

Jupiter’s Moon, dirigido por Kornél Mundruczó, Hungria- Alemanha, 2017. O filme foi selecionado para a Palm D’or ( palma de ouro) em Cannes, este ano. Pelo que li, existem duas críticas para o filme: a primeira trata o filme como risível, pra não escrever ridículo. Já a segunda interpretação para a obra a trata como sobrenatural de estupenda , onde o visão horizontal das redes sociais , que é a que impera no mundo atual, tem de ser mudada, e que as pessoas vejam o mundo na vertical. Ou seja: que as pessoas acreditem mais em seus impulsos e instintos e intuições, e que quebrem a barreira da mesmice do pensamento horizontal ou das redes sociais, como queiram chamar. Assisti ao filme e fico definitivamente no segundo grupo; no pensamento vertical, ao ar; todavia vamos ao filme húngaro. Antes de imagens temos um texto sobre as seis luas habitáveis em Júpter, e a mais segura seria uma lua chamada Europa; uma comparação infeliz para muitos, mas não pra mim, de que só na Europa decididamente haveria alguma vida digna. Com esse gancho temos as primeiras imagens do longa , e estas de ação com refugiados tentando fugir da polícia húngara , e por isso, alguns tomando chumbo e morrendo. Eis que surge a grande estranheza ou questão do filme: é que um fuzilado não morre, e sim levita quando é atingido, e logo após cai de dez metros de altura e continua vivo. Alguns consideram ou classificam o filme como uma ficção científica com um super-herói na trama, mas vou um pouco mais além. O tema da imigração não é jogado à toa em tela. Existe toda uma questão sensorial que envolveu o roteirista a colocar um imigrante que levita, ou voa, ao invés de um húngaro, por exemplo. Quando escrevo que vou mais além, é porque percebi uma conexão entre um ser anjo ( que levita) , com um ser “homem-bomba” que mata. Ou seja: um anjo pode ser um demônio ou vice-versa, ou até sirva pra dizer que não existem nem anjos nem demônios, pois todos nós somos a soma destes dois, aniquilando de vez qualquer poder que qualquer religião tenha sobre o homem, ou em outras palavras: somos regidos por nossas ações e atitudes e não existe destino; quem faz este somos nós e por isso somos livres para seguir o caminho que desejamos, sempre. Entretanto voltando ao filme, um médico de caráter e histórico duvidoso descobre o dom do rapaz, e resolve ganhar dinheiro em cima do desejo do “anjo” , que era rever seu pai e voltar a Síria com ele, seu país de origem que passa, até hoje, por uma sangrenta guerra, não porquausa de religião, mas pela ambição dos homens de lá que colocam como desculpa a religião para terem poder e dinheiro. Pois bem: o desenrolar de 128 minutos passa-se nessa enrolação do médico charlatão sobre o “anjo”, ambos fugitivos da polícia húngara há essa altura. De fato saí boladão da sessão e não esperava escrever tão cedo sobre o filme, já que vi ontem na 41 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sendo este um dos filmes mais aguardados da Mostra, e de fato, com toda a pompa e qualidade: vale muito a conferida.

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