Almost There – Quase Lá

Almost There – Quase Lá, da diretora Jacqueline Zünd, Suiça, 2016.
Esta semana temos um filme hibrido, meio documentário e meio “não” ficcionalizado, mas com narrativas criadas pela diretora-roteirista, fazendo da obra um documentário melhor se fosse somente um Doc sem nenhuma estrutura narrativa. Não que essa estrutura tirasse a originalidade das vidas contadas, mas com uma organização maior no que concerne a qualidade a ser exposta, e consequentemente no resultado final mais agradável da obra. São ferramentas narrativas que em todo documentário tem, ou quase todos, e o resultado é bem melhor com este “acordo” entre os entrevistados e a direção que guia um documentário comum, mas esse não, pois a obra permite-se dar espaço ao acaso do destino na hora das filmagens, e isso faz toda a diferença na obra fílmica. No caso específico da obra citada, não houve entrevistas, tipo: tem um microfone lá e a diretora faz perguntas: nada disso. O filme foi feito como uma estrutura de filme de ficção, mas só que não, uma vez que as estórias eram verídicas; então vamos a elas. O Doc acompanha a vida de três senhores: um no Japão, outro na Espanha e mais outro nos EUA. O modo que cada qual enxerga a finitude da vida é particular, isto por culturas e personalidades distintas. Temos um Drag-Queen espanhol que deixa três filhos pra trás por achar que estariam bem melhores sem a sua presença. O velhinho “japa” é o sujeito mais orgulhoso de todos os três e adora receber elogios. Ou seja: existe uma empáfia em sua personalidade, fazendo com que ele se ache o maioral, e a idade evoluída ensina que não; talvez tenha sido o personagem que mais sofreu com o tema da morte, porém consegue abrigo espiritual ensinando crianças a ler; cada um acaba descobrindo o que lhe faz bem, mais cedo ou tarde, e no caso do “Japa”, bem mais tarde. Deixei por último o personagem que mais me cativou, e parece que também a diretora, visto que foi o que mais apareceu no Doc. Trata-se de um senhor estadunidense, sem filhos, que resolve comprar um furgão-casa quando sua namorada, que teve essa ideia inicialmente desiste da aventura e do relacionamento, porém ele não. A fotografia é belíssima, sendo o bolo da cereja de uma obra sensível, e que não têm como não no colocarmos na pele desses velhinhos que driblam os percalços da solidão e continuam de pés, sabedores há essa idade da vida que a passagem está por vir, e o melhor ainda virá quando tudo acabar, pois o martírio está aqui e agora na nossa existência. Entendi a mensagem do filme graças à força de insistir na sétima arte como inicio,fim e meio de vida, e também pela sensibilidade da diretora suíça por nos contar estas incríveis estórias de vida com o seu ângulo de visão. 
É importante salientar que a Mostra de SP homenageou a Suíça, e este filme é um belíssimo exemplar de obras deste país.

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