Contracorrente

Contracorrente, de Max Gagino, Brasil, 2014. O diretor é meu amigo, porém antes de tudo prezo pelo papel de crítico de cinema. Entendo que o diretor sai de um lugar litorâneo da Itália, deixando parente em meio a crise europeia, e isso está retratado no filme, mas como tripé da direção ao público tenho que ser sincero: tanto a narrativa como também os personagens são demasiadamente fracos, o que o faz do filme também taxado como ruim. A história é de um italiano que vem a Bahia para se autoconhecer. É como ele fosse à Índia e esperasse que todas as suas respostas fossem respondidas. É lógico que o Max fez do protagonista ele mesmo, porém o diretor tem origens africanas e o personagem é um genuíno branco italiano, ou seja, não colou. Ainda assim  a estória se desenvolve com o italiano migrando à Bahia devido a crise e este se esforçando a aprender o baianês através de um amigo gente boa que o coloca nas mais diversas situações. Fato é que o italiano ganha o pão de cada dia dando aulas do seu idioma a pessoas interessadas e através do seu lavoro ele consegue encontrar o que tanto procura: uma grande paixão. A moça é de da região da chapada diamantina, Itaberaba, e veio a Salvador fugida de um namorado ciumento. Aulas de italiano vêm e aulas vão até que o italiano dá o bote na sertaneja. O romance é rápido e sem muita frescura como o filme inteiro, mas é fato que os dois se envolvem e se se apaixonam. Como é sabido o visto de turista em qualquer país dura em média três meses de modo que nosso italiano ultrapassa esse período e a polícia federal fica em seu Virgílio. O que achei mais tosco foi o final do filme figurando a idéia de que o protagonista italiano tenha dado um “mais nunca” no agente federal e acabando o filme com algo de “alguma coisa de cú é rola”. Ou seja: supõe-se que o imigrante italiano muda de endereço e com isso engana a polícia federal e fica o tempo que quiser no Brasil. Por o filme ser autobiográfico lança-se a pergunta: será que o diretor Max Gaginno passou por essa situação constrangedora. Por ser bisneto de italiano me aprofundei o suficiente na trama para afirmar que a obra fílmica poderia ser mais desenvolvida, tanto no quesito roteiro como a direção. Se foi o primeiro longa do diretor é perdoável os erros, mas pelo que acompanho ele já fez vários curtas e acho que o resultado do longa deveria ser melhor, pois todos os curtas do Max são de extrema qualidade, coisa que não acontece neste longa metragem. Nunca fiz um curta nem tampouco um longa metragem, sou crítico de cinema e por enquanto estou satisfeito com isso, mas se pudesse dar um conselho ao diretor este seria que ele ficasse fazendo seus curtas-metragens de qualidade, inclusive um deles premiado em Gramado, e esquecer ,ao menos por enquanto, em filmar longas metragens até que tenha a maturidade suficiente para isso.

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