Neruda
Neruda,
dirigido por Pablo Laraín, Chile, 2016. A ignorância é a mãe das más circunstâncias
e, por hora, também fruto da desinformação. Sabia que Pablo Neruda teve uma
entrada na política do Chile, mas nem de longe saberia que tinha sido senador
da república na década de 1940 sob o domínio do sanguinário Pinochet, alias um
dos chefes de estado que mais matou gente em todos os tempos na América do Sul,
escreva-se de passagem. Sempre tive em mente a associação de Pablo Neruda com a
literatura, mas especificamente a poesia, que propriamente a política. Por este
motivo ou associação achei o filme uma merda, pois pregava bem mais o lado
político do poeta do que o artístico, o seu principal e mais conhecido. Mais
especificamente o filme narra o exílio de Neruda, tendo de fugir de Pinochet pelos
Andes chilenos cobertos de neve no lombo de um cavalo, e em tal fuga para viver
acaba por ver situações e imagens que te dariam o prêmio Nobel de Literatura em
1971; imagens e situações estas transportadas em poemas , logicamente, como
índios comendo um cérebro de um cavalo e assim por diante. “Neruda tinha a fama
de ser o poeta “dos poetas” que conseguia transpor em letras a sensualidade
humana nos seus mais melindrosos detalhes sendo apelidado por : “ o homem que
fazia amor com uma rosa na boca”; fama esta que causava bastante inveja em seus
compatriotas chilenos, principal ou exclusivamente nos patentes de centro
direita. Ou seja: quem não era comunista e estava apalavrado com Pinochet
queria matar o cara de qualquer maneira, e um em especial levara a sua
inferioridade poética perante o sexo feminino até as últimas consequências.
Obviamente alguém desse tipo tinha que ter alguma relação com o poder. O filme
do diretor “bola da vez” chileno, que provavelmente irá novamente ( NO em 2013 )representar
o Chile na disputa como melhor filme estrangeiro no Oscar, mas dificilmente
levará, mas o diretor ou o roteiro não deixa bem claro quão patente alta teria
esse militar para tentar ,e de fato conseguir, infernizar a vida de Neruda em
plena fuga, inclusive, já fora do Chile. O militar, interpretado medianamente
pelo Gabriel Garcia Bernal, caça Neruda assim como os índios caçavam animais
daquela região inóspita e fria dos Andes chilenos ou já peruanos, vai saber. Fato
é que o filme só fica nessa inveja inesgotável de um que tinha cérebro e por
isso usava para fazer poesias e consequentemente enlouquecer mulheres com
direito a várias orgias e tudo mais, e o outro: desprovido ou melhor, provido
de pouca massa cinzenta que se alimentava então da raiva de não ter a massa
desejada, e por isso caçava o principal poeta do seu país, atrelado ao fato do
senador Neruda ser de extrema esquerda, comunista, e o militar de extremíssima
direita e pau mandado do Pinochet. “Dez dentro e nove fora” o filme não tem
nada mais a oferecer e por vezes, muitas vezes aliás, se torna monótono , então
afirmo que desta vez o Chile não terá um filme bom no Oscar 2017, se é que
artisticamente isso queira dizer algo, mas industrialmente sim, então Chile: Go
Out !
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