Le Bassin de J.W.
Le
Bassin de J.W. , dirigido por João César Monteiro,
Portugal/França, 1997. Engana-se quem achas que o cinema português se resume só
a Manoel de Oliveira. Talvez isso aconteça pela distribuição internacional ser
deveras ingrata com outros diretores. Todavia em festivais de cinema temos a
oportunidade de conhecer os outros diretores lusitanos, e sem dúvidas fora um belo
presente, alias um belo achado conhecer João César Monteiro e sua vasta e rica
obra cheia de metalinguagens e metáforas que dizem o que foi e o que ainda é
Portugal. O filme em questão: Le Bassin de J.W. é falado em francês e português
onde o diretor propõe misturar teatro com cinema. O protagonista é o próprio diretor,
no qual diz chamar-se Henrique e apresenta-se como um lobo -do -mar na reforma,
ocasionalmente de passagem, antes de tentar realizar um velho sonho em que o
seu ídolo de infância, John Wayne, mexe maravilhosamente a bacia ( ou os
quadris, em brasileiro) no Polo Norte. No filme fica nítida a pretensão do
diretor-ator em dizer-nos que não dá mais pra ficar em Portugal no final dos
anos 1990. Pois quem aguenta-se a viver naquele país, o Polo Norte seria “fichinha”,
já que todos achavam a pior das insanidades o seu desejo de mudar-se pra lá.
Paralelo a esse desejo do excêntrico personagem, tinha-se uma espécie de ensaio
teatral onde um cara que dizia-se Deus ficava a ler e copiar um texto bem
estranho com outros dois indivíduos, uma rapariga e um homem, também pra lá de
estranhos. Fora isso, se o roteiro não é lá grande coisa, a obra se supera e
eleva-se pelas atuações dos seus atores, principalmente do seu estupendo e
criativo anárquico diretor e protagonista da estranha e divertida trama que diz
um pouco de tudo que é de ruim do mundo, e talvez por esse excesso de querer
consertar o mundo a sua maneira, na tora, a narrativa da obra se perca no meio
do caminho.
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