O Completo Estranho

O Completo Estranho, do Leonardo Mouramateus, 2014, Brasil. A obra fílmica nos permite indagar o destino; será estaria ele feito ou nós poderíamos contrariá-lo? Isto é o chamado livre arbítrio. O filme não quer nos instigar a pensarmos se existe ou não um Deus maior, e nem pede para que nos tornemos ateus mais lúcidos; O filme apenas nos confronta com nossos medos, nossas ansiedades ou até nossa falta de colhões para decidir por nós mesmos. Alguns podem perguntar: “ Mas se nós não decidirmos por nós mesmos, quem decidirá então? ”. Olha, o que não falta é gente querendo decidir pela gente, basta olharmos nosso cenário político brasileiro atual e perceberemos o quanto de facínoras estão empenhados a decidir por nós mesmos. O sensato seria colocar todo mundo na rua e fazer novas eleições para TODOS os cargos do legislativo. Utopias a parte, voltemos a obra fílmica do diretor cearense Leonardo, que mais uma vez nos brinda com uma obra a fim de nos fazer pensar e em consequência sair do lugar comum, que hoje em dia, e mais do que nunca, incomoda tanto a todos. Então vamos a uma breve resenha do que vimos; Para início de conversa ainda estamos esperando um longa-metragem do diretor que me prometeu que tal filho estaria nascendo em breve ( então o faça logo meu filho ! ). A obra em questão trata-se de um curta metragem da qualidade peculiar do coletivo cearense Praia a Noite, do qual o Leonardo faz parte. No curta percebemos uma significância de despedida, aliás este percebimento é literal, já que a estória é contada quando acaba a luz em uma festa de um apartamento em Fortaleza, e o dono da casa se declara a uma Pseudo-estranha-penetra da sua festa, dizendo que a amava. Nesta hora temos dúvidas se o roteiro quis dizer quem amava quem: Seria a amada cidade de Fortaleza? Creio que sim. Todavia indagações a parte, os protagonistas se conhecem na escuridão do recinto da festa, em seu quarto onde amanhecem, mais especificamente. Porém não acontece nada do que imaginam; o que vemos é a angustia de quem está indo pra fora da sua cidade natal sem saber exatamente o porquê está indo; sente que deve ir e ponto final. A angustia é o elemento centralizador do curta onde é peremptório e perceptível a indagação da moça que o moço diz quem ama: “ Mas você está saindo de Fortaleza pra que? ”. O rapaz para em silencio e após dispara sem muita certeza: “ Para crescer, Fortaleza é a maior cidade pequena do mundo”. Neste momento me senti totalmente identificado com o drama do protagonista. Nasci e ainda moro em Salvador (uma dessas cidades pequenas maiores do mundo), e quero sair daqui, mas falta alguma coisa que me prende por aqui, não sei ainda o que, como o personagem não sabia. Hoje o diretor vive em Lisboa. Trocando em miúdos: Cortou o laço que unia ou o prendia a Fortaleza, e tenha certeza que o curta, assim como o cinema é, teve papel fundamental para tomar sua decisão. Será que teria que fazer um curta para a ficha cair? Espero que só com críticas baste para que o cordão se corte e nunca mais me prenda.

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