Eden

Eden, dirigido por Mia Hansen-Løve, França, 2015. A vida não fora feita para ter medos, não fora feita para os covardes. Se existe uma mensagem subliminar que o filme nos traz, a mensagem é esta: Não ter medo de ousar, não ter medo de experimentar, não ter medo de doar-se a vida como se fosse o último prato de comida que irás comer: Viva uma “Dolce Vitta” ou ao menos tenha coragem para correr atrás desta utopia de que tudo na vida são flores, e que tudo de ruim uma hora passa, pois o extrato natural da vida é a felicidade. Sim: Seja otimista mesmo correndo o risco de ser ridículo , porque para ser ridículo é necessário coragem; é preciso romper com o preestabelecido, é preciso de culhões para dizer que sim: Vim para este fucking plano terrestre para ser feliz antes de tudo e que se dane se sou evoluído espiritualmente ou não para isso. Quero é me dar bem aqui e agora, e o resto pago com juros e correções monetárias quando morrer, se é que estes juros seriam cobrados. Mas evoluir é isto: É permitir-se a correr riscos, e a música é um baita instrumento ou atalho para conseguir tal feito. Sou crítico de cinema há nove anos e amo a sétima arte por ser um embrião mais evoluído do teatro; arte esta uma espécie de autoanálise de quem se propõe a encarar. Todo ator que se preze é um ser humano evoluído, pois se conhece e ainda está neste processo até o fim dos seus dias. Minha admiração pelo cinema vem por aí, por ele tentar acompanhar este autoconhecimento humano de uma forma com mais elementos que o teatro, pois engloba além da interpretação ou a dramaturgia, outros aspectos como: roteiro (minha cachaça sem ao menos conhecer sua forma oficial...), figurino, maquiagem direções de produção e arte e pôr fim a direção. O diretor é sem dúvidas uma espécie de semideus ( ou um Deus mesmo), ou achas que toda quinta feira tem vários lançamentos mundiais de filmes e o povo fica esperando por eles por acaso? Não existe por acaso ou coincidência. A espera da toda quinta é porque o ser humano necessita desesperadamente de histórias para viver, ou melhor, para aguentar sua própria existência mesquinha com aquelas obrigações de trabalhar, bater ponto, pagar a mensalidade do filho na escola, além do supermercado, pagar luz, água, seguro de vida e carro, etc. O cinema veio para deixar o ser humano menos “crazy”, mostrando que a ficção é a única coisa que salva a nossa existência com todas estas nossas obrigações. O que escrevi até agora não foge do filme que vi hoje a tarde, pois ele foi o culpado por indagar tudo isto que escrevi. E porque ele teve este mérito? Porque ele falou de necessidades genuínas de um ser humano que almeja, e de fato consegue, seguir sua vida com um mínimo de honestidade consigo próprio. Vejam bem: A honestidade consigo próprio nada tem a ver com ser honesto, mas sim com o estar evoluído para saber até onde você pode aguentar ir para ter a tal evolução, e afirmar: “ Caramba, sou evoluído e estou preparado para ser ainda mais em outro plano, se é que este existe. Em resumo o filme Eden é do cacete bicho e acho que você, esperto como é, não vai perder a chance de assisti-lo para ter esta experiência de tele transportar-se, no sentido em se encontrar e consequentemente se perceber que és um merda e precisa ainda de muito para evoluir. Em suma é isso, e seria muita petulância misturada com arrogância minha tentar explicar o filme, pois obras desse quilate e gênero são produzidas para que, antes de qualquer crítica nítida, explique ou não explique, que certos filmes foram feitos para serem sentidos e não param serem escritos. O que garanto a vocês é que terão uma baita experiência interna, e sem direito a tomar ecstasy, vendo esta obra genuinamente gaulesa que tem como pano de fundo as Raves dos inúmeros estilos da música eletrônica dos anos 1990 e 2000 numa Europa cada vez mais influenciada pela cultura do hip hop. Quando um filme tem como tema principal à musica, este transcende a sétima arte porque entra na jogada uma arte superior, e que mexe com todos que é a música. Belíssimo retrato de uma geração que é transposto em tela grande, e que nos mostra que tudo ainda está a ser descoberto por nós: Meros mortais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Livros do Joca

Pirataria X Streaming

Cangaço Novo