Biquíni Paraíso

Biquíni Paraíso, de Samuel Brasileiro, Brasil, 2015. É verão e o sol penetra na cabeça das pessoas. Para os mais sensíveis a estação é uma derradeira roleta russa de emoções a todo momento, onde cada ação não necessariamente é pensada antes, aliás quase toda ação para esses seres de sensibilidade à flor da pele nunca é pensada, mas sim regurgitada através de uma necessidade visceral de existir e destruir o preestabelecido por não sei quem e quando. Com este viés anárquico-poético a obra fílmica começa com um take de pessoas se banhando na imensa costa nordestina brasileira em janeiro com o sol dando as caras mais do que nunca. O libido quando os dias são mais longos que as noites torna-se também mais “libidinoso”, e as pessoas, por sua vez tendem-se a se doarem para o coito sexual de forma mais natural do que em relação a outras estações do ano. A fricção dos corpos é nitroglicerina pura de modo que basta uma mínima faísca para que um pensamento se torne uma “via de fato consumado”, ou consumido, a depender do olhar de cada um. Fato é que com esta instigação que o verão traz, ou seja, com a libido a flor da pele que a obra fílmica despeja na pretensão dos atores da trama, os trópicos abaixo da linha do Equador tornam-se mais quentes que até o ilustríssimo Gabriel Garcia Marquez possas imaginar. Bem, de um lado temos um solitário homem que anda meio de saco cheio com as mulheres da sua região que pensam sempre pequeno; e este “pequeno” quando não é de matéria, é sempre de alma e espírito. E por outro lado temos uma turista que cuida do namorado que acabara que sofrer um acidente na praia, rachando a cabeça em uma rocha no momento de um mergulho impreciso. Ao tilintar da situação de emergência o homem solitário oferece abrigo ao casal acidentado, que não tinha para onde ir naquele momento. Após o hospedamento forçado o verão faz o resto da história acontecer. Trocando em miúdos: O exarcebamento da fissuração por roupas poucas ou até sem nenhuma delas, faz com que aquele aquecimento corporal de ambos desconhecidos até então o façam caminhar a praia a noite sozinhos e a natureza sabia então faz com que o aglutinar de hormônios pernósticos e insistentes façam com que inevitavelmente ambos se entreguem a um coito estilo rústico e natural com a praia e o mar como cúmplices por aquela troca de fluídos corpóreos e afoitos de um para com outro, onde nem de longe eram vistas e imaginadas as consequências que tal ação instigatória poderia desencadear. Como o próprio título da obra fílmica sugere, Biquíni Paraíso, é uma experiência sensorial de sentidos, entregas e acima de tudo: experiências vividas; por isso viva a sua vida, porque depois vais reclamar disto quando tiveres mais idade e não poder fazer mais coisas que gostaria.

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