O Olmo e a Gaivota

O Olmo e a Gaivota, co-dirigido pela brasileira Petra Costa (Elena) e pela francesa Lea Glob, Brasil-França,2015. A obra fílmica é de uma sensibilidade ímpar por mostrar, e até mesmo desmistificar de que tudo numa gestação seja um “mar de rosas”. Em determinada cena a atriz afirma que se sente carregando um “Alíen” dentro de si. Por essa afirmação podemos ter noção o tamanho desconforto que a bailarina sentia. Mas partindo do princípio acompanhamos a história real, então trata-se de um híbrido documentário-ficcional, de um casal de atores-bailarinos do famoso cirque du soleil, que na véspera de uma turnê descobrem que estão grávidos. O termo usado “grávidos” não foi escrito à toa, pois, do inicio ( desde o teste de gravidez fazendo xixi na caixinha no banheiro de casa) até o nascimento do bebê, no caso da bebê, o marido tenta se mostrar presente na vida da sua esposa. Porém o ator tem de ir à turnê com o cirque du soleil para conseguir dinheiro para as despesas da gravidez, deixando a esposa enclausurada durante cento e vinte dias no seu apartamento sozinha. Com um histórico de mulheres loucas em sua família, a bailarina tem medo de perder a lucidez durante o período de gestação, fato ou cenas estas bem captadas pelo “docu-drama”. O filme é tão visceral que em determinada cena nossa protagonista olha para a câmera e pergunta se fosse o câmera-men que estivesse sendo vigiado vinte e quatro horas por dia, se aguentaria aquela lamúria de uma mulher grávida solitária e visivelmente sensível? Na cena observamos o tom em que a atriz e bailarina Olívia faz tal pergunta, e por muito pouco, não se via atacando-o tal cinegrafista chato com toda sua fúria de carregar um “Alíen” não programado e de certa maneira parar sua turnê que iria fazer com o seu marido também ator da mesma companhia. Todavia, fúrias deixadas de lado, o filme é um norteador para quem nunca passou pela experiência de uma gestação. O que fica nítido é a entrega, tanto de pai como principalmente de mãe, neste período. Queria escrever um pouco mais acerca do assunto, mas como nunca tive tal experiência fico naquela de escrever apenas o que captei do filme, e não achando o que pode ser a experiência de colocar no mundo outro serzinho totalmente dependente de você. O que não resta dúvidas é que trata-se de uma obra fílmica que foge de todos os padrões e aborda um tema que é muito pouco visto na sétima arte. O filme, que fez parte da programação do XI Festival internacional coisa de cinema em Salvador e Cachoeira, só entrou em cartaz no circuito por ser uma co-produção Brasil-França, então vamos aproveitar e ir ao cinema para ver este belo e sensível filme que tanto pode nos ensinar a “marinheiros de primeira viagem”.

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