Que mal eu fiz a Deus?

Que mal eu fiz a Deus? ,dirigido e co-roteirizado por Philippe de Chauveron, França, 2015. A comédia tem o poder de abordar assuntos séiors de uma maneira sem que se perceba que estão colocando o dedo na ferida. A ferida em questão é a dos valores católicos – burgueses da classe média alta francesa. Abordar religião é sempre um risco enorme, então entra o gênero comediano para tentar disfarçar as pontadas acidas que diretores imprimem quando querem falar delas, as religiões. Nesta comédia temos um casal com quatro filhas onde as três mais velhas eram casadas respectivamente com um israelense judeu, um argelino muçulmano e um chinês budista. As pontadas acidas da obra fílmica iam na desconexão e incompatibilidade dos três sujeitos se entenderem e se darem por entendidos aos seus sogros: Um casal francês católico com preconceitos arreigados e velados. As risadas que podemos dar como público vem exatamente desse trato do casal de meia idade para com seus genros excêntrico; Mas não somente por isso. Nítido fica que a diferença vista pelos sogros serve como combustível para exalar seus próprios preconceitos, que nesta situação de terem três genros atípicos, poderiam deixarem de serem velados e sim escancarados. Ainda assim de alguma maneira judeus, orientais e muçulmanos poderiam, com sarcasmos, serem engolidos goela abaixo, mas quando a caçula do casal burguês francês informa que vai casar-se com um negro da Costa do Marfim, aí a famosa complacência com outras raças e religiões vai-se embora de uma só vez. A Costa do Marfim, assim como inúmeros outros países africanos, foi colonizada e roubada durante séculos pelos franceses, assim como os Portugueses e ingleses também fizeram com outros países fatiando o continente africano em três camadas, e de certa maneira esta conta ainda não foi paga. Opinião politica à parte, o filme se desenrola agora com a filha caçula e seu namorado negro. E para piorar a história e gerar ainda mais risos, a família do marfinense era poderosa e contra o casamento do seu filho com uma branca. A produção foi um sucesso na França, levando 5 milhões de espectadores aos cinemas. Feito comparável aos sucessos "Intocáveis" (2011) e "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" (2001), porém acho que no Brasil à plateia será bem menor por obviamente fatores culturais de identidade.

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