O Porto (Le Havre)

O Porto (Le Havre) do diretor Aki Kaurismäki, protagonizado por André Wilms, 2012, França/ Alemanha/ Finlândia. Acho no mínimo interessante à angústia gaulesa em demostrar arrependimento pelos seus feitos passados em prol de descobrir e explorar novos lugares, em especial no continente africano. Não observo tanta preocupação assim por parte de ingleses e portugueses que o mesmo fizeram fatiando em três partes desiguais o continente africano que, segundo a ciência, teve o primeiro homem do planeta. Ao menos no cinema os diretores franceses não se cansam de demostrarem o quanto foram sacanas, e de alguma maneira, tentam amenizar isto com filmes que tem como tema a imigração. Entretanto esta obra fílmica é diferente, pois além de abordar a tal sacanagem europeia para com os africanos, o filme destila poesia e simplicidade e nas linhas subsequentes espero que captem tais virtuosidades. É o seguinte: A produção investe em locações de um bairro periférico da Normandia, região litorânea e distante da capital francesa. Tudo muito simples, porém um “simples bonito”, digno. As canções musicais são um caso à parte e nos remete há tempos outros do passado onde se podia comprar fiado e confiar nos vizinhos. Como protagonista temos um engraxate na casa dos seus setenta, porém nem parece por sua vivacidade. O senhor trabalhador de doze horas diárias, e preferencialmente noturnas, vive com sua esposa e uma cadela chamada por Laika em uma simpática e simples casa cheia de cores e moveis que, de tão antigos, se tornam estilosos. Pois bem: do inicio pro meio da fita temos em cena um contêiner com destino à Londres que fica em Havre, cidade da qual a história se desenrola, na extrema Normandia. Do contêiner saí ao menos trinta cabeças de africanos fugidos das suas terras pela fome e falta de trabalho. Um menino aproveita a abertura do recinto e se manda, correndo o risco de levar uma bala pelas costas, fato este não acontecido devido à famosa “lei” da emigração que é: “se você for esperto podemos fingir que não te vemos”. Particularmente linko este pensamento abordado pelo filme e o fato do garoto conseguir fugir do contêiner, por esta “dívida” que os franceses acham que tem ( e tem mesmo ) com os povos africanos. Com o garoto agora sendo procurado pela polícia, este é achado pelo senhor engraxate de poucas palavras, exatamente no momento que sua esposa vai internar-se no hospital devido a um câncer. Surge então um misto de amizade com o sentimento de ser um fora da lei do engraxate, que na real era um fracassado escritor, com o menino que queria juntar-se a sua mãe em Londres. A missão do nosso carismático engraxate agora é mandar o garoto à Londres. O filme é lindo por sua simplicidade antes de qualquer argumento que poderia fazer de interpretação ou direção cinematográfica, e com sorte pode ser encontrado até no Net Flix.

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