Neruda

Neruda, dirigido por Manoel Basoalto, com José Secall, Chile, 2015. Segundo Pablo Neruda: Poesia, política e vida não têm de ser separados, ao contrário do que pensa a maioria. A produção chilena já começa com o poeta no poder no cargo de senador da república em 1948. Como Neruda, por questões morais e humanas, era ferrenho crítico do presidente da época do Chile, foi logo literalmente caçado por este tendo que fugir pelos Alpes em direção à Argentina para não ser um preso politico. Todavia “tem males que vem para o bem “. Clandestinamente e escondido Pablo Neruda continua a escrever textos esculachando o presidente e mostrando seus cambalachos para a sociedade chilena. Além de continuar escrevendo tais textos políticos no caminho para a Argentina a cavalo, Neruda se embrenha a escrever um novo livro de poesia chamado Canto Geral, recebendo o premio Nobel de literatura em 1971 e doutrinado como um dos livros mais importantes do poeta. O livro tem o papel de observar as paisagens dos Alpes chilenos, e ter como produto principal a natureza exuberante daquele local belíssimo, ora por neve ora por verde. Não sei quem ficou como responsável pela coluna de cinema do jornal A Tarde após a precoce morte do amigo João Carlos Sampaio, mas o que parece é que essa pessoa, ou não sabe o significado da poesia em uma obra fílmica ou não viu o filme do Neruda, classificando-o somente com duas míseras estrelinhas tal obra de tamanho gabarito, Oras o filme vale no mínimo quatro estrelas, e isso sendo rabugento para não dar as cinco estrelas máximas. Fato é que a poesia existe para ser sentida, captada através dos nossos sentidos e o filme em questão é puramente isto: Uma catarse poética, onde somente quem tem o privilégio de sentir é quem conhece o seu poder de transformar o mundo e as pessoas. Se analisarmos no sentido da sua direção cinematográfica a obra peca por tentar lançar, erroneamente, flashes backs de um Neruda jovem em contraste a um mais maduro nesta fuga pelos Alpes até a Argentina. No mais o sentimento da poesia através da natureza e das coisas simples da vida o faz de Neruda e de seu filme coisas inteiramente genais, onde pela primeira vez tive o privilégio de ver um poeta genuíno no poder, e como senador. Acho que é exatamente isto que a nossa politica tupiniquim atual necessita: De poetas no poder, de pessoas que conheçam a alma das outras e não de Tiriricas ou outros fanfarrões que cansamos de ver no plenário nacional em Brasília. Um “Neruda brasileiro” no poder cairia bem no momento para consertar esta nação que anda tão mal entre às pernas, pena que ainda não fomos capazes de conhecer tal político.

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