Mirada paranaense

Meu olhar hoje vai para a Mirada paranaense de curtas-metragens, e o primeiro a ser resenhado tem o curioso título: Dessas coisas que acontecem, da Sueli Araújo, Brasil, 2015. O curta de vinte minutos , por isso não tão curto, nos cede a perspectiva de entrarmos no universo dos gays, e estes podem ser bem diferentes um dos outros. O enredo é o seguinte: Dois moradores se veem presos na área do seu prédio destinada a colocar as roupas para secar, uma espécie de varandão. Sem chave ou celular os dois são obrigados a conviverem durante um dia em um sol escaldante. As diferenças de personalidades logo aparecem; Enquanto um era mais desprovido e excêntrico, o outro por sua vez fazia o papel de intelectual tímido de óculos com lentes fundo de garrafa. Enquanto o excêntrico falava sem parar o nerd parecia mudo diante daquela situação atípica para ambos. Como estivessem no deserto do Saara, pois o Sol permitia este tipo de comparação, os dois tiveram que domar as suas diferenças para poderem sobreviver perante aquele sol e a situação claustrofóbica. Eis que em determinado ponto do curta os dois se aproximam de forma bem amigadora; Entretanto não acontece nada disso que suas cabecinhas porcas estão imaginando: Os dois resolvem ouvir um som juntos e começam a dançar para passar aquela desconjunta do cárcere privado involuntário. O Curta é bacana, pois não é monótono; Os dois únicos atores sempre acomodavam nossas íris com alguma atitude, seja esta um olhar ou uma discussão. Je proclame la destruction, de Arthur Touto, Brasil, 2015. Este sem dúvida foi o curta mais louco que vi. Apesar de ter somente três minutos o curta repete somente o seu título, revelando assim um tipo de mantra de poder universal e atemporal. Alias repete somente o seu título não, pois nas entreletras do seu título podemos ter a dimensão que esta frase proporciona traduzida para o português como: Eu proclamo a destruição. Percebem o quanto este título pode ser abrangente nos dias atuais com tantos desvios de verbas públicas dos nossos políticos corruptos? Apesar de ter apenas três minutos e só repetir uma frase diversas vezes ao ponto de chegarmos à catarse da gargalhada sem na hora sabermos do porque, sem sombra de dúvidas fora o curta mais intenso que vi na mirada paranaense.

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