Leviatã

Leviatã, dirigido por Andrey Zvyagintsev, Rússia, 2014. É importante respeitar culturas as quais não temos muito acesso para não corrermos o risco de taxarmos certas obras artísticas como ruins ou boas por pura ignorância. Não é menos importante também compreender que certas obras artísticas têm papéis mais nobres que entreter, mas sim de mostrar como determinada nação anda atualmente para o mundo. Esse é o caso de Leviatã; Vencedor do Globo de Ouro e forte concorrente a ganhar como melhor filme estrangeiro o Oscar, embora particularmente prefira o ótimo e engraçado filme argentino Relatos Selvagens. Entretanto voltando ao longa russo que usa e abusa , e ainda bem, do mar Báltico e de paisagens pra lá de surreais de belas do país continental russo, vemos nitidamente como a corrupção não é somente um laço nosso. O filme mostra a política fazendo “das suas” para mostrar uma Rússia atual cheia de dilemas de moralidade e vodka, óbvio. Aliás muita vodka o filme todo praticamente. É bom respeitar certos aspectos culturais, pois para eles vodka parecia chá das cinco, então não posso afirmar que todos os personagens eram alcoólatras, embora parecessem. Todavia o que perceptível era o ar tenso entre um político corrupto e um homem comum que insistia em não vender sua casa para que o político fizesse naquela terra negócios de interesse pessoal. A base do filme era este dilema de quem podia mais, e claro que já podemos adivinhar quem pôde. A Rússia contemporânea tentando se reerguer, a força da sua igreja ortodoxa em assuntos de todos os gêneros e tipos, seus cidadãos com problemas alcoólicos (a taxa de mortes devido ao álcool por lá é altíssima), o sistema político russo e suas fragilidades pelo autoritarismo, o jeito do cidadão russo frio em comportar-se diante das mudanças globais, e por isso talvez a Rússia tenha se atrasado no seu desenvolvimento. Enfim, certas obras artísticas vão além da arte de divertir, mas sim de informar aspectos importantes para que ocorram mudanças. Não menos importante é salientar que o filme ganhou como melhor roteiro em Cannes em 2014. Esta é uma obra artística , ou seja, perpassa a condição de só obra fílmica, e como sabemos que a mãe da politica é a arte, temos agora a noção de que tipo de filme estamos tratando; Uma obra com O maiúsculo que tenta, e consegue genialmente, nos apresentar a Rússia do século XXI. Belo trabalho do cinema russo que há muito tempo não apresentava uma obra com tamanho gabarito social.

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