Michael Kohlhaas

Michael Kohlhaas, dirigido e co-roteirizado por Arnaud des Palliérres, França, 2013. O seu novo filme é uma bela adaptação da obra homônima do escritor Heinrich Von Kleist; Livro este como o favorito de Franz Kafka, que o faz posteriormente se tornar um escritor, então posso deduzir de que não se trata de um mero livro. O ator dinamarquês Mads Mikkelsen incorpora moralmente, segundo o diretor, a personagem que dá nome ao seu novo filme. Trata-se de um comerciante de cavalos que leva uma vida prospera e feliz junto com sua família, a esposa e uma filha de treze anos, no século XVI na Cévennes. As coisas começam a mudar quando um senhor que tinha parentes da nobreza o trata injustamente em um negócio ferindo sua honra, a coisa mais valiosa que o negociador de cavalos tinha. A partir dessa “rixa” o filme se desenrola por injustiça sobre injustiças quando aquele que não quer obedecer ao mais influente, e por isso paga caro. O ponto ou o êxito do filme está na construção moral do seu protagonista, onde os valores deste estavam mais “alinhados”, escrevemos assim, aos seus cavalos do que aos homens. Fidelidade, verdade, companheirismo eram atributos ou qualidades demais para homens terem, porém, mas não para os cavalos. O filme carrega um ar de “crocodilagem”, de armadilha à espreita, de que, por mais que o protagonista tentasse por uma mínima que seja dose de moralidade aos outros homens, estes por sua vez não mudavam por interesses e a sensação do poder falarem sempre mais alto que a dignidade. Ao mesmo tempo em que o personagem principal conseguia justiça na trama no tocante a recuperação de seus cavalos roubados, ele também sofria com as conseqüências da tragédia, esta simbolizada pelo assassinato da sua esposa como uma forma de aviso para não afrontar a nobreza e seus “amigos” , protegidos ou puxa-sacos. Em suma é um filme de uma bela fotografia de época e que ainda consegue nos prender, no sentido de ficarmos pensando nele por um bom tempo, e nos perguntar sobre a moralidade dos homens ou a falta dela. ; Excelente pedida de um diretor que não tem o “rabo preso” com ninguém e quando é entrevistado enche a boca para dizer: “ Não estou nem aí para o Oscar, meus filmes são incompatíveis com tal festival industrial, meus filmes pouco espaço tem lá e não faço questão alguma em fazer parte desse circo intitulado como Oscar”. Belíssimo filme de arte.

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