Durval discos

Durval discos, de Anna Muylaerte,com Ary França, Brasil, 2007. Em alguns filmes as gírias e os comportamentos das pessoas que vivem em determinadas cidades fazem com que esse mesmo filme tenha suas personagens guiadas através do ritmo da cidade, ou seja, do cotidiano da cidade em questão. Por o filme ter sido rodado em São Paulo, fica claro a influência da cidade na tomada de decisões das personagens e ainda no que aconteceria na história do próprio filme. Porém o filme Durval discos, além de seus personagens terem um ritmo frenético por viverem em uma cidade que nunca para, leva consigo uma simplicidade inteligente em seu roteiro, principalmente a do seu protagonista, que era um vendedor de discos de vinil, onde essa tecnologia em consumir musica já se encontrava ultrapassada com os CDs, DVDs, Ipods, etc. A vida do Durval era pacata e ele, apesar de pobre, era feliz por trabalhar no que gostava: Vender "bolachões "e ficar ouvindo música o dia todo, e por vezes vezes conseguir passar na venda alguns vinis as pessoas mais tradicionalista, assim como era o nosso excêntrico personagem central. Durval já tinha passado dos quarenta anos,era solteirão, e ainda vivia na casa da sua mãe. Não tinha, para ele, nenhum “grilo” em relação a isso: morar som sua mãe e não ter um compromisso sério com ninguém: a música e as letras e melodias delas o preenchia por completo, assim como o néctar das flores preenchem e alimentam os beija-flores. Durval começa a ter verdadeiros problemas quando uma diarista esquece de propósito seu bebe no quarto de empregada da casa dele e esta parte para o nordeste sem avisar, deixando o recém nascido lá no quartinho chorando e se manda para sua terra natal. Nosso protagonista, que paquerava a moça que vendia sorvete ao lado de sua loja de disco, explica o ocorrido e a pede para que fique com o bebe. A piriguete obviamente não aceita a proposta dele. Durval, que até então era um idealista que não se preocupava com nada além de preencher sua alma com música, agora teria de se transformar da noite para o dia em o pai daquele recém-nascido que caiu do céu ou inferno para ele. Fato é que com o passar dos meses tanto Durval como a sua mãe acabam por se “derreter” pelo bebe, e prestes a irem ao cartório para registrá-lo chega sua mãe do Piauí desesperada a procura de sua cria, e com o poder de mãe que tinha, leva seu bebe de volta ao Piauí pedindo desculpas nesta tragicomédia. Apesar de contar uma história simples, o filme é bom por ter um roteiro também simples, porém inteligente e bem engendrado. As atuações das personagens com ares ou frases tipicamente paulistanas como:" oh meu ! oh loco, Putz veio" ,acrescentado com um humor sem se fazer "piegas" faz do filme uma obra interessante de qualidade que foge dos padrões comuns dos filmes nacionais vistos.

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