No más

No más, é um belo documentário dos canais ESPN ; O filme essencialmente narra uma das duas lutas mais espetaculares do boxe em todos os tempos que acontecera em 1980; A primeira em Junho e a última em Dezembro do mesmo ano. Os boxers lendários eram o norte-americano Sugar Rey Leonard e o panamenho Roberto Dúran, mais conhecido como “mãos de pedra”. Mais que a luta de boxe e rixas pessoais estavam em jogo sistemas políticos-econômicos ( Capitalismo/Comunismo) e de certo modo um confronto de idiomas ( inglês e espanhol ), como um panamenho poderia dar uma lição a arrogante e poderosa América que achava (e até hoje acha) que pode tudo. O primeiro embate ocorrera em Montreal, Canadá com 15 rounds e uma vitória incontestável de Roberto Dúran. Luta esta que fez com que Mike Tyson quisesse seguir a carreira na arte nobre do boxe, tamanha magnitude desta luta: 15 rounds abertos com um esmurrando o outro sem qualquer preocupação em defesa; Uma esplendorosa briga de rua com um juiz como figurante no meio do ringue. Depois da maior luta de boxe de todos os tempos, Mike Tyson ainda adolescente ( mas já rebelbe ) vê aquilo na TV e sentencia que seu destino já estaria traçado para o mundo boxe. A vitória do Panamenho oriundo de um dos bairros mais pobres da capital do Panamá, Cidade do Panamá, Roberto “Manos de Piedra” Dúran fora maior que um fato esportivo somente. Dúran em 1980 representou em plena guerra fria contra a extinta União Soviética, o golpe nos EUA que de certa maneira todo o mundo ou boa parte dele estava esperando; que era dar uma surra no país mais arrogante do planeta. A pretensão de que os EUA era imbatível fora ralo abaixo com a derrota incontestável de seu menino propaganda de ouro Sugar Rey Leonard. Mas para os “States” a derrota nunca era bem vinda, principalmente nesse período da guerra fria com a URSS. Não que agora eles gostem de perder, mas naquela época perder qualquer coisa poderia ser uma brecha para eles perderem também na guerra, mesmo essa ainda sendo fria. Então o que se sucede? Uma revanche, of course! Tanto o país como Sugar Rey Leonard não conseguiam se convecer da esmagadora derrota. E com uma proposta de bolsa irrecusável, o panamenho Roberto Dúran aceita a revanche por dez milhões de dólares, grana esta que para os anos 80 era a melhor bolsa já paga, hoje essa quantia no boxe serve para amadores praticamente ( No Boxe que é a arte nobre, não no que estão chamando de esporte agora,o tal do UFC, que trata seus lutadores como escravos ganhando pouco e ariscando a vida dos seus lutadores para um bando de bêbados que pagam o Per-pey-View, ou seja, só quem ganha mesmo é o careca do Danna White e os irmãos Ítalos-americanos Fechita ). Mas voltemos ao segundo embate ou a revanche que a América tanto aguardava; Vejam bem: o período da primeira para a segunda luta fora de apenas 7 meses. Com a histórica vitória o panamenho foi comemorar em Nova Yorque com festas regadas a álcool, drogas e mulheres. Dúran durante esses sete meses chegou a pesar 100 quilos , sendo que ele era de uma categoria no boxe que só poderia chegar aos 66 quilos para defender seu título. Na real o Dúran estava cagando para essa revanche e só aceitara pela bolsa, não estava nem aí se ia ganhar ou perder, pois a surra moral aos EUA já tinha sido muito bem dada e o mundo inteiro viu. Enquanto o menino de ouro americano treinava como um louco para a revanche, Dúran por sua vez tomava remédios e laxantes para bater o peso da categoria, pois acreditava o panamenho que suas mãos, que eram tão devastadoras, que se um único soco entrasse em Leonard, seria o suficiente para um nocaute avassalador. Após muita propaganda e ansiedade temos em Nova Orlens a revanche em dezembro de 1980. Com um início de estudo de ambos lutadores a luta fica párea. Eis que no sétimo round Suggar Rey Leonard começa a querer quebrar mentalmente Dúran com gracinhas e desrespeitos puramente norte –americanos, do tipo: “Baixei a guarda, vem me pegar, estou dançando pra você agora ”, ou seja, ao estilo Anderson Silva do UFC. Dúran que sempre tratou o boxe como a arte nobre do esporte não suporta tal desrespeito para com ele e principalmente para com o esporte boxe e resolve então dar as costas para o menino de ouro americano setenciando ao árbitro a lendária e mítica frase: “ No más”, desistindo da luta e deixando o mundo do boxe perplexo com a attitude de abandonar uma luta empatada no oitavo round, de quinze a serem disputados. Hoje o panamenho de origem humilde Roberto “Mano de Piedra” Dúran é considerado por suas lutas e por essa atitude do "No Más", um dos 10 maiores lutadores de boxe de todos os tempos e a principal e ainda sendo a maior influência do maior de todos os boxers: Mike Tyson ( Há quem discorde disso achando Ali e outros melhores; Respeito a opinião de todos, mas pra mim Mike Tyson foi o maior, até mesmo porque foi o que vi lutar ao vivo demolindo seus opositores). Para finalizar quero deixar clara minha opinião : Boxe é esporte, UFC não: é tudo que você queira menos esporte, por isso não dá pra comparar um com o outro.

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