Sobre aspirinas,cinemas e urubus e outros afins interressantes

Olha, o adjetivo é maravilhado mesmo, não tem outro como descrever o filme Cinema, aspirinas e urubus, um filme de 2005, onde só tive o privilégio de assisti-lo ontem à noite. E esse filme teve algumas peculiaridades particulares que mexeram com essa pessoa com quem vos escreve. Primeiro um dos protagonistas da película, um baiano conhecido de velhos carnavais chamado João Miguel estava ótimo com um humor “ácido-doce” em seu personagem que dava gosto de ver. Segundo, a estória se passava na década de 40 no sertão nordestino de um alemão fugido da guerra e um nordestino revoltado com a seca, que de certa forma, mexe com meus ancestrais, pois tenho minha mãe de lá por aquelas bandas. O filme se passa todo neste inóspito ambiente, no qual muitas vezes temos dúvida se é melhor, pior ou exatamente igual à segunda grande guerra ou a guerra dos loucos como é mundialmente conhecida. Escrevo de novo que aspectos peculiares esta película teve, pois João Miguel foi um dos típicos percussores revolucionários “reais- não fictícios” de filhos de políticos e publicitários baianos de esquerda de épocas atrás. Foi com ele que dissemos ou foi ele que disse por nós que éramos menores: vocês se acham tão de esquerda assim, tão stalinistas asssim, acham que são o máximo da revolta estabelecida, que ninguém pode mais ultrapassá-los nesse quesito? Digamos: NÃO! Somos piores (melhores), mais éticos, mais radicais, pois nem se quer discutimos a entrada na política e achamos tudo isso uma chatice do caralho.
João Miguel foi à âncora de tudo isso, pois apesar de ser muito pequeno, lembro bem de um dia em que João pegou emprestado um sapato do pai, Domingos Leonelli, atual secretário de turismo do estado da Bahia para fazer o figurino de um senhor do café numa peça, e aí o paizão, senhor de todos os poderes e leis, o senhor do café em pessoa, apesar de se achar comunista, humilhou o filho, na frente de todos os seus colegas, tirando o sapato do pé do coitado adolescente e ainda dando uns sutiripapos pra não perder a viagem numa sexta de madrugada falando que o sapato custou caríssimo, que era italiano legitimo, e não era para nenhum vagabundo usar num descontrole de quem viu não esquece até hoje.
Hoje João Miguel é um ator prestigiado, “não vendido”, apesar de ser global, e independente (Um Selton Melo melhorado). Na real nem sei se fala com o pai, mas sei quanto João foi importantíssimo para o grito dos outros filhos de políticos e publicitários que veriam a seguir. Parabéns João pelos filmes e principalmente pelas atitudes que teve durante sua vida que fizeram tanta gente admirar e muitas por vezes seguir, como por exemplo, esse que vos escreve.
Não tenho nada contra Leonelli, mal o conheço, mas de certa maneira sou vítima dele, pois era um dos “pioneiros comunistas baianos”: Tampouco tenho a pretensão de ser um novo “Che Chevara brasileiro ou nordestino”.
O que estão escritos aqui, são lembranças de uma infância atordoada, onde o poder vencia a simplicidade, a hierarquia vencia a criatividade, onde o “apartaid” vencia a comunhão de raças, enfim onde o capital falava, ou melhor, gritava mais alto que o tão exaltado social.

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