É verão sei lá...

Aqui na Bahia o verão começou.
O ar quente já está nas ruas, nas praias e nas cabeças.
Não que não seja quente e tenha sol só nesta época, aqui o sol brilha o ano todo mesmo. Mas no verão as coisas são diferentes, com projetos da grande mídia incentivando ao baiano a malhar, os conselhos médicos de tomar bastante líquido, o que não era nem necessário, pois de liquido baiano entende, mas liquido que criança não bebe.
Os turistas chegam a fim de saber o que baiana tem ou de conhecer o carnaval de rua mais movimentado do mundo.
A grana entra para o estado nesta época, os baianos sorriem, pois afinal é a grande chance de conseguir um emprego que esteve procurando ou não durante o ano.
Os ensaios e lavagens começam a festa com as inúmeras coreografias afros que dançarinos chamam a gringalhada a requebrar. O álcool anda sempre presente com gringos provando de nossas caipirinhas e a brasileirada com a tradicional cerva.
Pela influência da mídia que vende a Bahia nesta época do ano como o paraíso na terra, muitos cidadãos acreditam de fato que a Bahia só é alegria mesmo, e quando digo cidadãos, são os cidadãos da terra também, fazendo com que o clima que reine na festa ou no estado seja de pura fantasia, onde tudo vale a pena se alma não for pequena. Onde a fantasia é que comanda e essa coisa de fome, falta de emprego, miséria seja uma coisa demasiadamente tola e sem importância nenhuma. O que vale é a alegria do baiano, ou a venda disto, pra que no ano que vem mais e mais turistas voltem, e esse mesmo baiano que sorri fácil garanta seu bico de verão pra sustentar sua familia de sete filhos que passam por dificuldade o ano todo, mas lembrar disso é “bestêra” agora.
As Praias ficam cheias, os ambulantes se quadruplicam perambulando sobre as areais de um sol invariavelmente inferior a trintas graus comcerteza positivos. Esta é a época também de aprender a pegar onda, pois as marolas estão pequenas e o sol convidativo mais que nunca pra pegar aquele bronze para o tão esperado carnaval, carnaval este onde também se vende uma imagem de igualdade. Porque no mundo da fantasia ou no mundo na tevê Bahia todos são iguais, e não importa quantos camarotes e blocos existam pra lembrar que não é muito bem assim que a banda toca no carnaval. A massa corre atrás do trio do "cicletão" para por um momento se sentir igual aos paulistas que estão do lado de dentro das cordas.

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