A Profecia de Alá e da Igreja



João era um garoto tímido, que não gostava de conversar com seus coleginhas de turma, nem no recreio. Os garotos o achavam “afrescalhado” e só vinha até a ele para dar uns grandes petelecos na sua orelha que já era vermelha de timidez natural, e com os inúmeros petelecos que ele recebia ao dia, as orelhas de João ficavam quase que parecidas com aos dos lutadores de vale-tudo, de tão irritadas. Um dia João teve de ir ao médico por causa disso, as orelhas estavam tão irritadas pelas pancadas, que João teve de fazer curativos diários e passar pomada para sarar. Mas João não disse nem a mãe dele, a Clara, nem ao médico o motivo de suas orelhas estarem tão mal-tratadas. Ele ficou com vergonha da mãe de falar a verdade e ela culpá-lo pelo fato, dizendo que ele era um otário e que tinha que se defender, então ele ficou na dele.

Mas teve um dia em que João se revoltou, não pelos petelecos, ele não iria se revoltar com uma basbaquice dessas. João se “retou” quando o apelidaram de:” João, onde está seu pé de feijão?”Ninguém sabe o que aconteceu na cabeça de João para que ele tomasse a atitude que tomou.. Depois do caso, alguns especialistas disseram (e o amigo Arnaldo que virá mais tarde na estória) que eram pré-adolescente com problemas cerebrais, outros juravam que o problema deles não era o cérebro, mas a mídia ao qual o corrompiam suas idéias, outro disse que eram os jogos de vídeo-game de luta, aos quais eles eram viciadões, e por fim tinha os especialistas que defendiam o caso da exclusão social que eles ficaram “guardando” pra si e de uma hora pra outra eles explodiram. Mas o caso foi que João, um belo dia, depois de acordar de mal-humor, brigar com a mãe e a mandar tomar no cú, saiu já matutando o que ele poderia vir a fazer naquela trágica manhã no interior do Piauí.

João tinha um amigo da idade dele (aí que entra Arnaldo), que sentia os mesmo sentimentos que ele sentia em relação as suas relações com a vida e com as pessoas. Esse colega, o Arnaldo, era o maior exemplo de NERD que uma cidadezinha como Gararape podia ter. Tinha Óculos que pareciam mais fundos de garrafas antigas, um verdadeiro cego, era gordo, e punheiteiro também. Não tinha nem colegas , a não ser João, e João a ele. O tal do Arnaldo era um nerd rico, pois tinha computador com internet e tudo nas raras casas que tinham computador em gararape, e com internet então, ficava mais raro ainda.
Depois da escola Arnaldo ficava o dia inteiro grudado no computador navegando na internet. As vezes que ele saia do computador era quando João ia visitá-lo, pois até mesmo nas refeições ele fazia no computador. Mas Arnaldo não ficava navegando a toa, ele buscava coisas especificas. Um dia ele entrou em uma comunidade de relacionamentos por um convite de um estranho, pois ele não tinha amigos , a não ser João, naquele finalzinho de mundo no interior do Piauí, no Brasil , na América do sul. Nesta comunidade de relacionamentos Arnaldo se deparou e se assustou de inicio e se apaixonou de paixão com a religião Islâmica e suas causas e efeitos. Ele passou a conhecer O Osama Bin Laden, Os Talibãs, Saddan Russain, pois ele não assistia televisão de jeito nenhum e não gostava de ler nem revistas e jornais também. Aos poucos ele foi se interresando pelo assunto até que comprou pela internet um exemplar do alcorão, o “bíblia” dos muçulmanos. Ele foi lendo e se interessando por algumas mensagens mais fortes e de duplo sentido, e foi descobrindo um estilo ou uma religião para tentar amenizar a dor e a angustia que tinha em viver em uma cidadezinha tão católica como era Guararape. No Islã, Arnaldo não era comandado pelo padre da cidade, ele tinha poder na religião nova, tinha caráter e a religião o respeitava, ou ao menos o livro da religião o respeitava bem mais do que aquele padre viado, que já tinha tentado o agarrar a força. Essa lembrança foi muito forte e ficou até o fim da precoce vida interrompida pelo acidente, no inconsciente de Arnaldo. E no consciente também na cabeça de Arnaldo. Um certo dia, no final de uma missa, em que ele tinha de ir todos os dias, o padre Eugênio pediu ao jovem para que esperasse o final da missa, pois queria muito falar com ele. Arnaldo não entendeu muito, pois afinal de contas, mesmo que não quisesse ficar até depois do final, e também na própria missa, ele era obrigado por sua mãe ir, a beata dona Márcia, e com um pedido do padre na frente da mãe, Arnaldo não tinha chance alguma de se opor. Arnaldo já desconfiava do que se trataria o assunto, pois todas as missas o padre o ficava o encarando e piscando com um olho só para João. No inicio João pensava que ele tava ficando Caolho, mas logo entendeu que não era caoliçe nenhuma, era descarassão da brava do padre , que nem tinha o cuidado de fingir, fazia os olhares na missa mesmo, e obviamente as pessoas fingiam que não via nada também. Se aproximando do final da missa , Arnaldo disse que ia ao banheiro e voltava mais não voltou, foi pra casa e lá chegando Márcia, sua mãe o interrogando, Arnaldo inventou a ela que estava muito mal e sem condições de ficar até o fim da missa. Deste dia então, Arnaldo nunca mais pos os pés em uma igreja, nem pra fazer o sinal da cruz. Um mundo caiu sobre sua cabeça: “mas como ele pode tentar fazer isso, como pode?”, ele se perguntava constantemente. A verdade absoluta da igreja católica para Arnaldo estava arranhada e isso acabava com ele; se perguntava sempre: “Quem é Deus, Quem é Deus, pelo amor de Deus me diga quem é Deus?” Arnaldo não sabia a quem seguir agora e nem quem era. Aí que surgiu o tal convite do site de relacionamentos , e logo depois de convertido a ALÀ, ele tinha certeza que esse convite foi de Alá, não do estranho que o enviou, “foi obra divina, dizia ele sempre a João”.
Quando Arnaldo conheceu o alcorão, e logo se identificou com as coisas que os terroristas se identificam, e logo em seguida se tornou um radical não-religioso convicto de que Alá iria te dar doze virgens no paraíso e ele deixaria de ser punheiteiro pra sempre se fosse fiel a ele, seguindo e traduzindo tudo que estava no Alcorão da forma que tinha mais a ver com sua vida vivida até ali. Além disso, Arnaldo nasceu sem pai. Sua mãe era uma fazendeira rica da região e teve relações com um peão da fazenda da família. Quando o avô descobriu o relacionamento, logo tratou de contratar “matadores de aluguel” para despachar o peão ao além, pois não ficava nada bem uma herdeira que milhares de Alqueires ter um filho com um peão sujo, analfabeto e sem posses com era o caso do Mário, o falecido pai de Arnaldo, do qual ele nem conheceu, morreu antes do filho nascer. Quando Arnaldo completou seis anos, ele ficou sabendo da boca da própria mãe o que tinha acontecido, afinal de contas não tinha o porquê de Arnaldo não saber, já que seu avô foi assassinado pelo irmão de Mário poucos anos depois do acontecido. Se Arnaldo era pequeno demais pra saber disso era o que pouco menos importava. A mãe Márcia tinha raiva de Arnaldo e dizia todos os dias a ele que ele era a desgraça da vida dela e que nunca mais iria conseguir amar alguém de novo, porque de uma só vez, Arnaldo tinha matado o amado peão e o pai dela, e por isso ela repetia sempre “você só nasceu para trazer desgraça pros outros”. Aquilo ficava no subconsciente de Arnaldo, de modo que ele não conseguia parar de lembrar dessas palavras, até mesmo depois de matar sua mãe a machadadas e enterrada em um dos seus milhares de alquaires. E bem enterrada, pois até hoje pensam que ela fugiu com o irmão do seu amado, que matou o seu pai, através de uma carta que o próprio Arnaldo fez caligrafando a letra da mãe morta.
Com tudo isso, Arnaldo foi-se se tornando cada vez mais radical e agressivo. Até que então decidiu comprar junto com João via internet vários explosivos. E um dia aconteceu o que ninguém esperava: Imitando as estórias que ele lia no site de relacionamentos, enrolou os vários explosivos na Própria cintura e a de João e foram até a prefeitura correndo. Correram, correram, correram sem parar até o gabinete do prefeito, quando Arnaldo abriu a boca afogando e disse: “tenho um presente pro senhor!”. Coitado do prefeito, não deu tempo para o prefeito pronunciar a palavra inteira:
“SEGU..”, e a porra da casa municipal veio toda abaixo, matando Arnaldo, João, o prefeito e todo mundo que lá estava. Mas o padre viado continuou vivo e tentando comer mais menininhos e menininhas em Gararape, no interior do Piauí.

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