Alan e Alana


Era a primeira vez de Alan, ele estava tenso. Ao alto dos seus dezesseis anos, ele estava de pé, em frente a seu pai, implorando para não ser levado ao brega da cidadezinha de Anápolis, no interior de Goiás. Alan gostaria de perder sua virgindade com uma menina do colégio dele, mas ele não tinha nem coragem de pedir em namoro a garota, que dirás pedir pra transar com ela, seria anos e anos de investimento, Alan até que gostaria de fazer esse investimento, mas faltava coragem para tal. E o pai de Alan, o Senhor Frederico até sabia da estória da paixão do filho pela garota, mas como ele não via desenvolvimento no relacionamento dos dois, decidiu tomar uma atitude natural para aquele e até os tempos de hoje em Anápolis, e disse-lhe assim ao filho: “Alan, é com imenso orgulho que hoje você vai ser descabaçado, hoje te levo pro Brega, você está preparado?”. Alan engoliu em seco, ficou sem ar nos pulmões, as pernas começaram a bambear depois que o pai falou. Todos os sintomas que uma pessoa apaixonada tem, Alan estava tendo naquele momento. No caso dele não era paixão por brega ou puta nenhuma, mas sim, medo de ir naquele lugar. É engraçado como esses sentimentos: medo e paixão, muitas vezes têm os mesmos sintomas, podemos dizer que são bipolares idênticos, esses tais sentimentos. Porém acho que só conseguimos nos apaixonar depois do “friozinho na barriga”, ou seja, pra rolar a paixão temos de ter medo primeiro, o medo da tentativa da paixão, da entrega. Em contrapartida a paixão não precisa do medo, ou seja, se você já está apaixonado, você já passou pelo medo antes. A paixão só é menor que o Amor, que já é outro departamento acima e mais qualificado que não convém agora aqui neste texto julgá-los ou tentar entende-lo, senão desfocaremos da estória de Alan, e esta não é a intenção do autor.
Voltando, Alan engoliu em seco, e as palavras que sua voz permitiu que saísse de sua boca bem baixo foi um” tá certo”, ouvido com um olhar de desconfiança do Pai e pedindo-lhe para que repetisse mais alto. Por fim, Alan e o pai saíram de casa e foram ao brega mais charmoso da cidade, o Paradise Erotic Show, bem centrado no centro de Anápolis. O caminho da casa até a casa erótica mais cobiçada da cidade estava frio e Alan perguntava ao pai a todo o momento se era mesmo preciso ele ir, o pai lhe respondia: “Você é viado é? Filho meu tem que começar transando com puta. Você tem sorte, porque no meu tempo meu pai não tinha dinheiro para pagá-las e fiz com Cabras e Ovelhas mesmo no matinho neblinoso”. Alan olhava para o pai como que não acreditasse na confissão que acabara de ouvir do pai conservador que tinha. Ele ficou tão pasmado com a confissão que todo o percurso depois ficou imóvel e mudo, pensando que estava mesmo no lucro mesmo, como o se pai tinha lhe instruído a pensar antes de sua primeira noite de Homem hormonal. Chegando ao paradise Show Erotic, Alan foi recepcionado por uma morena baixinha e coxuda, em que logo lhe agarrou suas partes intimas e gemeu no seu ouvido esquedo: “olá, lindo”. Alan ficou estupefato, não sabia como lhe dar com a situação. Ele mal chegava ao local, e logo na porta uma mulher que ele nunca tinha visto na vida o atendeu assim, pegando assim.Era muito estranho para qualquer um, principalmente para um menino de dezesseis anos, ao qual mal se masturbava. O pai entrou na frente dos dois tirando a mão da dita cuja do membro do tímido de Alan e logo dizendo:” Tira a mão daí, com meu filho só no quarto, ele é não gosta as claras.Então filhão escolha uma aí, qual você vai querer?”
Alan olhava assustado para as meninas tentando achar uma menina parecida com a que ele era apaixonado na escola, até que ele achou uma mais ou menos parecida e disse ao Pai: “É aquela ali Pai Ô, e apontou”. Era uma menina que aparentava sua idade e loira como a sua amada do colégio. O pai a chamou, e em seguida ela foi à direção a Alan sorridente, pegando em sua mão e subindo uma escada, onde só dava uma pessoa por vez. O segundo andar do Paradise Show Erotic era coberto de quartinhos e barulhos, muitos barulhos nos quartinhos. Alan pergunta como a garota se Chama, e ela responde: “Qual nome quer, o de guerra ou o do RG?”. Alan deixa a curiosidade de lado e caminha em silêncio até o quarto que fica no final do corredor barulhento. Lá chegando e entrando no quarto, a menina da qual Alan não sabia nem o nome, embora a tenha escolhido, foi despindo-se e pedindo para que Alan o fizesse o mesmo com ele também. Então Alan Braguejou: “Espere aí, quero conversar com você antes, pode ser?”. A garota respondeu que o seu pai lhe pagava por hora e por instrução do próprio ele queria que fosse rápido, por isso não tinha tempo para conversa. Alan entendeu que foi uma ordem do pai e obedeceu a garota parecida com a garota da sua escola. A menina deitou-se e pediu que Alan, que já naquele momento que estava só de cueca pela timidez, que deitasse em cima dela. Alan virou-se, tirou sua cueca e adentrou-se no lençol carcomido por traças do local. Subiu em cima da dita cuja parecida com a dita cuja da escola, e em questão de segundo estava tudo acabado. Naquele momento, o do gozo, passou pela cabeça de Alan várias coisas, entre as quais a sensação de prazer que o momento lhe proporcionara, a tarefa de dever comprido e a certeza que não iria apanhar do pai por “não ter feito o serviço direito”, pois o pai pediu para que a garota lhe contasse a performance do filhão macho, e em terceiro, uma preocupação de como seria os relacionamentos com mulheres a partir daquela data fatídica. Dias depois do episódio, Alan pensava:” Será que todas as mulheres devem se comportar como putas, devo tratá-las como tais?”Muitas foram as duvidas na cabeça de Alan daquela noite em diante. Alan, não sabe ainda hoje se foi por as meninas ditas como normais serem mais difíceis ou desinteresse próprio mesmo, mais o fato foi que ele começou a procurar as putas para se relacionar sexualmente e psicologicamente também. Nos bregas, Alan se tornava amigo das operárias do sexo, contava suas angustias, seus problemas de relacionamentos com as meninas da rua e do colégio, e que não conseguia se envolver com as meninas, somente com as operarias. Depois de doses de álcool ingeridas ele costumava afirmar:” Com vocês, não tem cobrança, é tudo mais gostoso, não preciso ficar me humilhando para qualquer uma que nem sei o seu passado e seus pensamentos”. As operarias olhavam Alan bêbado e repetiam em coro:” aqui você será sempre amado meu amor, portanto que venha com a carteira recheada de dinheiro”, e caiam na gargalhada todas. Alan já alterado pelo álcool respondia:” vocês mulheres são todas iguais, tem as que pede dinheiro na lata como vocês e tem as que fazem charme para pedir”. De fato, esta era a realidade de Alan, No interior de Goiás , na década de 60, não havia mulheres independentes, só havia mulheres custeadas pelos maridos, pelo menos em Anápolis. Na Capital em Goiânia, ele ouvia falar que existia mulheres independentes, mas ele se recusava de acreditar nesse” despautério”, como sempre dizia quando puxavam este assunto com ele.
Foi difícil Alan encontrar alguém que lhe compreendesse ou que ele deixasse ser compreendido, ou seja, que ele confiasse. Mais enfim, quando Alan foi para a universidade de veterinária na capital e longe da educação rígida de sua família, conseguiu conhecer uma garota na faculdade que lhe despertou interesse. Ela se chamava Alana, e Alan conseguia falar com ela com tranqüilidade e brilho nos olhos, o que não lhe era habitual quando o tratava com o sexo oposto, pelo seu passado que o condenava e infelizmente até aquele momento lhe crucificava. Mas com Alana era diferente, ela era alegre, disposta, estava sempre bem-humorada e compreendia a suas mudadas de humor repentinas. Até que um certo dia, no final da aula de respiração aeróbica para mamíferos com menos de trinta quilos, Alana o convidou para almoçar com ela para depois continuarem estudando. Depois do almoço, Alan e Alana foram à biblioteca da cidade para pegar alguns livros e estudaram por lá mesmo. Lá chegando, Alana, pediu um beijo na boca para Alan. Alan responde: “tudo bem”. Alana se aproxima e toca com seus lábios, os lábios de Alan; ele vê estrelas, as pernas tremem, o coração dispara. Alan sente as mesmas sensações que sentiu quando ouviu do pai que iria o desvirginar no Paradise Show Erotic de Anápolis, mas percebe que o sentimento é outro, é mais leve, mais tranqüilizador do que aquele que sentia há cinco anos atrás.
Depois desse beijo Alan vira outra pessoa, volta a falar com a família toda semana por telefone, conseguiu fazer mais amigos e até ser convidado para jogar futebol um dia na semana por eles.Mas o principal que mudou em Alan, foi o seu semblante, parecia outra pessoa, mas com o mesmo RG. Alan ria de tudo, até das coisas que ninguém ria, e nem ficava sem graça quando isso acontecia em público ao lado de Alana. Com mais três meses de namoro eles transaram, o que era rapidíssimo para aquela época.Quem tomou a iniciativa foi mais uma vez Alana.Alan era um garoto tímido, e Alana sabia disso como ninguém ou como todo mundo sabia mesmo. Alan se opôs, argumentava que ainda era cedo e não era o momento, e foi enrolando Alana durante uma boa semana.Até que Alana deu o seu ultimato a Alan:” você é viado é, vai querer ou não?”. Alan, já tinha ouvido esta frase e não gostou nem um pouco de ouvir ela de novo e respondeu furiosamente com os olhos vermelhos:” Para eu te provar que sou homem, eu tenho que transar contigo, pois pra mim, uma relação é muito mais que só sexo e acho que ainda não é o momento para fazermos isso. Você não sabe, mas tenho um passado que me condena e me freia em relação a isso, sabia?”. Agora quem ficou estupefata foi Alana:” Não sabia, me conta, o que te aconteceu?”. Alan ainda estava nervoso, mas conseguiu se acalmar e contar o dia da sua primeira vez para ela. Alana agora conseguia compreender o bloqueio do namorado todas as vezes que ela investia sexualmente nele. Com o tempo, eles foram tocando cada vez mais e falando do assunto com mais naturalidade até que um dia rolou a transa entre os dois sem stress para ambos, principalmente para Alan. Alan e Alana acabaram o namoro no final do curso de veterinária, porque cada um queria ir para um lugar. Enquanto Alan queria voltar ao seu interior e abrir a primeira clinica veterinária da cidade, e Alana queria ir para São Paulo ou Belo Horizonte para arranjar um emprego e continuar estudando. Quando Alan foi levar Alana ao aeroporto, foi um chororó só, ele disse que queria ir com ela, mas na verdade ela sabia que ele não queria, queria continuar com aquela vidinha que os seus pais tinham, e que ele não tinha coragem de modificar este traço da família, só falava isso da boca pra fora, e ela sabia disso , e deixava que ele repetisse, mas nem ligava, nem ouvia, já estava em uma sintonia em que Alan não conseguia acompanhar, a sintonia de galgar novos vôos.
Anos depois em Anápolis, Alan já barrigudo, dono de única clinica da cidade e casado com uma mulher da região chamada Letícia, em que mais ou menos a família a arranjou para ele. Letícia antes de casar era magra e esbelta, mas casou, começou a ter filhos e logo se descuidou e engordou muito, de modo que Alan, as vezes nem tinha coragem de olhar pra cara dela e a tratava como uma empregadinha dele qualquer. Um dia chega uma carta para Alan do Rio de Janeiro com o nome do remetente para espanto dele de Alana Martins Fonseca, a sua ex-amada. Na carta Alana dizia que ele tinha sido uma pessoa importante pra ela naquela época em que aprenderam muita coisa juntos e agradecia pela companhia dele muito na época de faculdade.Agora se dizia uma mulher muito feliz, bem sucedida profissionalmente, dona de uma rede de clinicas de veterinário da cidade, mas solteira e que gostaria de revê-lo. Alana enviou junto com a carta, uma passagem de avião para o Rio de Janeiro só de ida, e no final de uma carta com algumas paginas lembrando suas aventuras de universitários, ela finaliza dizendo que a estava esperando no aeroporto.
Alan se emocionou ao ler a carta e não teve dúvida que não podia errar novamente pelo medo de tentar ou pela não coragem de se entregar ou buscar a felicidade.
Conversou com a esposa Letícia, disse que não estava dando mais certo e logo foi chorar ao lado dos filhos que fez com uma pessoa que não amava e ama, prometendo-lhe que iriam pegá-los logo. Um ano depois Alan estava de volta a Anápolis pegando os seus cinco filhos como lhe prometerá. Agora Alan é feliz, ama e é amado e está com os filhos que teve com a Letícia e grávido de uma filhinha de Alana no Rio de janeiro.

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