Tinta Bruta
Tinta Bruta, de
Felipe Matzembacher e Marcio Reolon, Brasil/RS, 2018. A obra filmica inicia-se
com um take médio no rosto do protagonista: Pedro. Ele está no tribunal, sendo
julgado por algo muito horrível, mas não se sabe o quê. O filme desenrolasse e
vemos que Pedro perde seu único parente: sua irmã , que se cansa de Porto
Alegre e vai morar no outro lado do país: Salvador. Pedro, um garoto expulso da
faculdade de química agora , sem ninguém, manter-se por sua conta e risco em
desnudar-se para milhões de punheteiros homossexuais do armário. Com isso ele
ganha uma boa grana, porém o xis do filme, ou da questão, ainda encontra-se
intacto: ou seja, o que Pedro fez de tão horrível assim ao ponto de não ter nenhum
amigo e ser uma pessoa mal olhada? A resposta vem no octagéssimo minuto do
filme de 117. E a resposta é bela: como forma de poema, discursado por um
pseudo roubador de trabalho alheio, explico. É que o Pedro tinha uma maneira
muito particular de ganhar grana nú na web: ele se pintava, dos pés a cabeça,
de tinta para dar uma diferenciada da concorrência. O tal fulaninho pega essa visão e começa a
imitar o protagonista. Pedro, então, o chama na chincha, e o romance começa por
esse imbróglio. E corre até o último minuto de filme. O curioso é a
caracterização de personagem que os diretores encontraram para criar o Pedro.
Do seu lado psíquico tinha uma coisa que fazia que quem chegasse e se aproximasse
muito dele, logo saía de fininho, de modo que protagonista ficava sempre em uma
espécie de bolha solitária, ou seja, o sujeito não tinha muito sorte mesmo com
gente. A parte física do personagem também é interessante, pois mostra um Pedro
com um estilo meio punk, despojado e desnoiado com problemas que a maioria se incomodaria, como:
emprego fixo, falta de amigos e família,etc. Tinta Bruta é um filme sensível ,
focado no público GLSBQA, porém com personagens fortes e sabedores do que
querem e não querem; e escrevo mais: Tinta Bruta fala de gente, de ser humano,
que está na vida para aprender com ela.
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